25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Cara de pau desmedida: Deputado que quebrou placa de Marielle agora propõe homenagem

Marielle foi assassinada em 2018 por milicianos cariocas e até hoje a polícia não concluiu a apuração do caso

Rodrigo Amorim e seu parceiro Daniel Silveira quebraram a placa em homenagem a Marielle Franco

Cara de pau com óleo de peroba. Assim se pode dizer do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), que após posar nas redes sociais destruindo um cartaz que simulava uma placa de homenagem a vereadora carioca Marielle Franco, agora ele apresenta projeto de lei na Assembleia propondo uma homenagem a ela que foi brutalmente assassinada em 2018.

No pedido, Rodrigo justifica a escolha do nome. “Sabe-se que uma das pautas da vereadora e seus séquitos é aplicação dos Direitos Humanos nas mais situações inusitadas, sempre em defesa daqueles que, inclusive, vivem à margem da lei. Nesse sentido, visando a homenagear a citada vereadora, implantar uma casa de acolhimento num dos redutos de prostituição da cidade do Rio de Janeiro, é tentar preservar as mulheres que ali estão expostas, proporcionando mais dignidade”, escreveu no documento.

A proposta foi recebida pelos familiares da ex-vereadora com repúdio e indignação. A víuva da ativista e vereadora Monica Benício (PSOL-RJ) afirmou que o pedido é “hipócrita” por ser o oposto do ato feito em 2018, quando estava em campanha. No entanto, Monica ressalta que a crítica não é à criação da casa de acolhimento. “A despeito da evidente desfaçatez desse parlamentar, posso garantir que para Marielle, para mim e para todas as pessoas que lutam por um mundo melhor, as casas de acolhimento são fundamentais para a garantia de direitos”, disse Monica.

Já Anielle Franco, irmã de Marielle, diz-se surpresa pelo pedido e afirma que “torce” para que o deputado, “que tripudiou em cima de sua morte diversas vezes”, passe a “respeitar minha irmã e a memória dela a partir de agora, já que ele tem achado conveniente usar o nome dela em diferentes espaços”.

Ele reage -Em nota à imprensa, o parlamentar se defendeu das críticas sobre a homenagem e afirmou que, como deputado eleito com mais de 140 mil votos, tem direito de fazer a “proposta que melhor lhe aprouver” e que decidiu pelo nome de Marielle após passar meses “presenciando inúmeras violações de direitos humanos na Villa Mimosa” e decidiu que “o Estado precisa ser presente naquela comunidade”.