22 de março de 2025Informação, independência e credibilidade
Artigo

A caravana do povo e os cães do mercado

Esse mesmo mercado permaneceu mudo diante de ações que arrasaram a vida do povo brasileiro nos últimos anos.

 

Por Tiago Di Lucas*

Em 2022, o Brasil escolheu um projeto de país que prioriza o bem-estar da maioria. Entre as promessas, está a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais — uma medida que beneficiaria milhões de trabalhadores e reduziria desigualdades. Na esteira dessa mudança, também está o fim da jornada exaustiva 6×1 e a necessária taxação dos super-ricos. São propostas que apontam para um Brasil mais justo, mas eis que o mercado financeiro, sempre tão ágil para reagir contra políticas que favorecem os menos abastados, já se contorce em revolta.

Curiosamente, esse mesmo mercado permaneceu mudo diante de ações que arrasaram a vida do povo brasileiro nos últimos anos. Onde estava sua revolta quando o governo Bolsonaro fez pouco caso da pandemia de Covid-19, resultando na morte de mais de 700 mil brasileiros? Onde estavam as críticas ferozes quando, no governo Temer, a reforma trabalhista desmontou direitos históricos e precarizou o emprego? E quando a reforma da previdência condenou milhões à exclusão social, será que o mercado se indignou? Não. Em todas essas ocasiões, o mercado permaneceu indiferente ou, pior, aplaudiu.

Não há neutralidade no mercado. Ele reflete os interesses de uma minoria poderosa — super-ricos e corporações que lucram com a exploração e a desigualdade. A qualidade de vida do povo brasileiro nunca foi prioridade para esses agentes, que agem como cães de guarda do capital internacional.

Neste momento, o Brasil vive um aprofundamento da luta de classes, mesmo sob um governo de coalizão onde as disputas começam dentro do próprio poder. Está em jogo o futuro de políticas como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, ProUni e o SUS. Está em jogo a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais, o fim da escala de trabalho 6×1, e a taxação dos super-ricos. É exatamente por isso que o mercado esperneia.

Mas essa revolta é o melhor indicativo de que estamos no caminho certo. Aos que dizem que isso pode afastar investidores, fica uma verdade simples: o povo brasileiro vale mais do que os dólares especulativos que sobem e descem ao sabor dos lucros. O projeto político escolhido em 2022 trouxe consigo a esperança de um país mais justo e igualitário.

E aos que gritam contra as mudanças que favorecem os trabalhadores, uma coisa a dizer: os cães ladram, mas a caravana passa.

 

 

*Tiago Di Lucas é jornalista e assessor de comunicação da Semarh