19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Anvisa pede para PGR e PF proteção policial aos técnicos após ameaças de Bolsonaro

Presidente segue sabotando medidas de prevenção contra a pandemia e faz campanha contra vacinação infantil

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) solicitou proteção policial para servidores e diretores envolvidos na aprovação do uso da vacina da Pfizer contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.

O motivo do pedido é por causa de ninguém menos do que presidente Jair Bolsonaro, que após o anúncio de quinta-feira (16) na agência, defendeu a divulgação dos nomes dos profissionais envolvidos na aprovação.

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Por via de regra, em todas essas resoluções como a da Anvisa, os nomes dos responsáveis são divulgados no Diário Oficial, mas a questão é o princípio: ao pedir os nomes, Bolsonaro incitou seus seguidores a continuarem sabotando medidas contra a pandemia.

Dessa vez, sua cruzada é contra a vacinação infantil. Que é segura. Após 5 milhões de doses nos EUA, nada de grave aconteceu. Além disso, mais crianças morreram de Covid-19 no Brasil do que com todas as outras mortes crianças com doenças vacináveis nos últimos 15 anos.

“Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas. A responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos de idade e vou estudar com a minha esposa bastante isso aqui”. Jair Bolsonaro, em sua live de quinta.

A Anvisa encaminhou ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ao Ministério da Justiça, à Diretoria-Geral da Polícia Federal (PF) e à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal.

A proteção policial se mostrou necessária porque neste final de semana foram intensificadas as ameaças de violência contra os servidores nas redes sociais.

Em reação, a agência decidiu reiterar os pedidos de proteção policial, que já haviam sido feitos em novembro, quando ocorreram as primeiras ameaças relacionadas à vacinação de crianças. Confira a nota na íntegra:

“Solicita-se de V. Sa. a adoção das medidas necessárias para apuração criminal dos referidos atos praticados e conhecidos ontem, sábado, dia 18/12/2021, contra os Diretores e servidores da ANVISA e, além disso, reitera-se com urgência o pedido de proteção policial aos citados agentes públicos e suas famílias a fim de salvaguardar a sua integridade física e psicológica diante da gravidade da situação enfrentada”. Anvisa, em ofício encaminhado a autoridades”. Nota da Anvisa.