25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Ao TSE, Bolsonaro nega ter feito ataques às urnas eletrônica e diz que só queria auditoria

Presidente respondeu em documento de forma mansa e articulada, pois foi obrigado a apresentar as provas que ele insiste ter – e não fez isso novamente

Em documento enviado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente Jair Bolsonaro tentou esclarecer que não realiza ataques à segurança das urnas eletrônicas – isso, após, os incontáveis ataques que ele faz e incentiva.

Agora, na verdade, diz que apenas defende o “aprimoramento” do sistema. Vale lembrar que as urnas eletrônicas estão em funcionamento no Brasil desde as eleições de 1996. Desde então, nenhuma fraude foi comprovada. Pelo contrário: da última vez que houve suspeita em votações, aconteceu em 1994.

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“Reitera-se, não se está a atacar propriamente a segurança das urnas eletrônica, mas, sim, a necessidade de se viabilizar uma efetiva auditagem”. Jair Bolsonaro, presidente.

O documento foi uma resposta ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral, o ministro Luís Felipe Salomão, que havia 15 dias para que Bolsonaro apresentasse as provas que ele dizia ter de fraudes nas urnas.

“Na realidade, é em nome da maior fiabilidade do sufrágio que há muito se tem defendido a necessidade de robustecer ainda mais o sistema eletrônico de votação com alguma medida física de auditagem imediata pelo eleitor, tão logo esse deposite o seu voto na urna e, se for o caso, mais tarde pela própria Justiça Eleitoral”. Jair Bolsonaro.

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O texto, manso e articulado, é o oposto do que o presidente e seu entorno vem fazendo ultimamente. Em uma live patética na quinta-feira da semana passada, após prometer entregar as provas, Bolsonaro usou até mesmo um acunpurista de árvore para inventar problemas nas urnas.

Após meses de ataque, estas foram duas horas de sandice que levaram milhares de apoiadores às ruas para pedir o mesmo, além de “notas de repúdio” do TSE, que resolveu agir e pediu abertura de inquérito contra o presidente no STF. O presidente respondeu ataque Barroso, presidente do TSE, diretamente.

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E assim como em sua live, Bolsonaro falhou novamente em apresentar evidências contra as urnas. Citou apenas uma audiência pública no TSE, feita em 2018, na qual cidadãos defenderam a impressão do voto eletrônico, e citou a existência de projetos de lei nesse sentido.

O voto impresso, no entanto, foi derrubada pelo STF em junho do mesmo ano, quando o tribunal declarou a inconstitucionalidade, que havia sido aprovada pelo Congresso em uma mini reforma do sistema eleitoral em 2015.