18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Em live, Bolsonaro diz que quem o denunciou sobre a Covaxin ‘vai se dar mal’

Presidente apresentou sua live na véspera do depoimento à CPI dos irmãos Miranda, que teriam alertado sobre superfaturamento de 1.000%

Hoje (25), a CPI da Pandemia marcou de ouvir os depoimentos de Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, e de seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). A partir das 14h, eles devem depor sobre as denúncias de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo federal.

E na véspera, em sua live semanal das quintas, o presidente Jair Bolsonaro tocou no assunto com desdém. Antes de tudo: ele confirmou ter se encontrado em março com o deputado Luis Miranda, mas negou as suspeitas de irregularidades. E em ameaça menos velada que a de Ônix Lorenzoni, o presidente foi claro: “quem buscou armar isso daí vai se dar mal”.

“‘Agora pegamos o governo Bolsonaro’, ‘corrupto’, ‘negociando vacina com 1.000% de sobrepreço’… Não vou entrar em muitos detalhes, não. Coisa tão ridícula. Isso aconteceu em março. Quatro meses depois, ele resolve falar para desgastar o governo? O que ele quer com isso”? Jair Bolsonaro, presidente.

Se dirigindo ao seus eleitores, o presidente afirmou que o governo não gastou “um centavo” com a Covaxin e que nem mesmo uma dose de vacina chegou. “Que corrupção é essa?”, questionou ele. Porém, ele assinou um contrato de compra de 20 milhões de doses em fevereiro e o valor da aquisição, de R$ 1,6 bilhão, já foi empenhado pelo Ministério da Saúde.

Isso quer dizer que este valor já foi reservado para a compra. A nota do empenho está pública no Portal da Transparência do governo federal. A vacina, inclusive, foi mais cara do que a da Pfizer: considerada cara, elas foram ofertadas por 10 dólares por dose ou mesmo um desconto pela metade do preço. O governo não respondeu a farmacêutica por 9 meses.

CPI

Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado federal, é chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Ele relatou ao Ministério Público Federal e à imprensa ter recebido pressões para acelerar o processo de compra da Covaxin, da empresa indiana Bharat Biotech.

A negociação está sob suspeita em razão do valor unitário das vacinas, considerado elevado, em torno de R$ 80, e da participação de uma empresa intermediária, a Precisa Medicamentos. O requerimento convocando os depoentes foi do relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Renan e o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), relataram preocupação com a segurança dos depoentes. Aziz solicitou à Polícia Federal proteção para os irmãos.

Denúncias

Em entrevista a O Estado de S. Paulo, Luis Miranda disse ter alertado Bolsonaro e o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra da Covaxin.

Ele explicou ter se encontrado com o presidente em 20 de março para levar a denúncia sobre o caso, um mês após o governo assinar o contrato para aquisição da vacina.

Como resposta, Bolsonaro pediu à Polícia Federal que investigue o deputado e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, agora ex-chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, “por denunciação caluniosa, fraude processual e prevaricação”, segundo anunciou ontem o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni.

O “sobrepreço” citado por Bolsonaro também foi revelado pelo Estadão. Segundo reportagem publicada na terça-feira (22), documentos do Ministério das Relações Exteriores mostram que o governo comprou a Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante.

Bolsonaro negou irregularidades nos preços e disse que os valores estão de acordo com os contratos fechados entre a Bharat Biotech e outros países. As negociações foram com uma empresa com endereço em um paraíso fiscal e que trabalha com vacina para gado.

Além da CPI, o MPF (Ministério Público Federal) também apura o caso. Isso porque o contrato para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin tem valor total de R$ 1,6 bilhão o que equivale a US$ 15 dólares por dose. O preço superior ao negociado por outras vacinas no mercado internacional, a exemplo da Pfizer (US$ 10).

One Comment

  • Avatar Geiser

    E o gado agora se confundi, como pode ter sido corrupção se o mito tinha falado que não tem corrupção no governo dele? Kkkkkkkkkkkkjj

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