Por Tiago Di Lucas*
Com a proximidade do Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores, as tensões internas, como sempre, se intensificam. Para um partido cuja história foi construída com base em unidade e força popular, o cenário atual é um alerta. Em particular, vemos militantes de correntes como a Resistência Socialista desferindo ataques públicos ao partido e suas lideranças nas redes sociais, muitas vezes ecoando discursos típicos do antipetismo, aquele mesmo que jogou combustível no golpe de 2016. Esses são os que buscam desgastar o PT por dentro, explorando disputas que deixam de ser políticas e se tornam destrutivas para o partido como um todo.
A lógica é clara: enquanto essa parcela da militância interna surfa na onda do desgaste midiático, que frequentemente trabalha contra o PT, esquecem-se do preço que se paga. Não enxergam que esse coro só faz eco aos mesmos grupos e setores políticos que se regozijam diante de cada crise petista… e sabe-se lá a responsabilidade dessa parcela da militância até mesmo no início dessas crises, para além de seu andamento. Há uma incoerência imensa dos petistas que se alinham aos setores políticos que arquitetam o caos, que, pois, nos tempos do impeachment ou da Lava-Jato, esses setores agiram sem titubear para varrer o partido do cenário nacional.
Não se trata de abolir as críticas – elas são naturais e essenciais ao processo de democracia interna. A questão é onde e como fazê-las para que tragam melhorias e fortaleçam o partido em suas ações, e não para que sirvam à derrocada de sua imagem pública.
A pergunta inevitável é: o que sobrará do partido se esses ataques continuarem se intensificando? Tanto a ala majoritária quanto a oposição interna sabem que, com uma imagem cada vez mais desgastada, o PT se tornará um alvo ainda mais vulnerável da Extrema-Direita e Direita. Exibir as entranhas do partido para uma fauna de adversários políticos — de chacais a abutres — não fortalece o PT, ao contrário, torna-o presa fácil, no formato cadavérico. É preocupante ver que em tempos de fragilidade política o que sobra é o individualismo; o que falta é consciência e educação política.
Internamente, a disputa precisa se pautar pelo respeito ao projeto coletivo que o PT representa, sem cair na implosão pública de uma estrutura que custou décadas para se consolidar. Aos militantes de qualquer corrente, é bom lembrar que o PT não é feito de um nome ou outro, mas de uma história construída pelo povo. E essa história merece a responsabilidade e o compromisso de cada um e uma de nós.