2ª dia: Após ex-chefe da Marinha, Anderson Torres depõe sobre acusação de golpe

Havendo tempo, é possível que Bolsonaro já deponha por seu envolvimento na trama golpista nesta terça-feira

O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o primeiro dia dos interrogatórios dos réus do núcleo 1 da trama golpista ocorrida durante o governo de Jair Bolsonaro.

Durante cerca de seis horas de audiência, o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal do golpe, interrogou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem sobre as acusações de participação na trama.

Após o depoimento, a audiência foi suspensa e será retomada nesta terça-feira (10), às 9h. O próximo a depor será o ex-comandante da Marinha Almir Garnier.

Garnier foi chefe da Marinha entre abril de 2021 e dezembro de 2022. Segundo a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), ele teria aderido à proposta golpista e dito a Bolsonaro que sua tropa estava à disposição do ex-presidente.

De acordo com a PGR, os membros da organização criminosa dirigiam ofensas ao general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e ao Tenente-Brigadeiro Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, que foram contra a ruptura institucional. Já o chefe da Marinha foi tratado como “patriota”.

Após Garnier serão ouvidos o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno. As sessões estão marcadas até sexta, mas podem terminar antes.

Bolsonaro é o sexto da lista. A expectativa é que isso ocorra na quarta-feira, mas há possibilidade, dado o ritmo do interrogatório de Ramagem, que o ex-presidente seja interrogado ainda hoje. Ele acompanhou as oitivas de Cid e do ex-chefe da Abin ontem.

Réus

Até a próxima sexta-feira (13), Alexandre de Moraes vai interrogar presencialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Braga Netto e mais seis réus acusados de participarem do “núcleo crucial” de uma trama para impedir a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o resultado das eleições de 2022.

Confira a ordem dos depoimentos:

  • Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; – Encerrado
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) – Encerrado;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro de Bolsonaro.

Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do ex-presidente e dos demais réus ocorra no segundo semestre deste ano.

Em caso de condenação, as penas passam de 30 anos de prisão.

Primeiro dia

Primeiro a depor, Mauro Cid confirmou que esteve presente em uma reunião na qual foi apresentado ao ex-presidente Jair Bolsonaro um documento que previa a decretação de medidas de estado de sítio e prisão dos ministros do STF.

Cid também confirmou que recebeu dinheiro do general Braga Netto dentro de uma sacola de vinho para que fosse repassado ao major do Exército Rafael de Oliveira, integrante dos kids-pretos, esquadrão de elite da força.

Ramagem

O ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem negou ter usado o órgão para monitorar ilegalmente a rotina de ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o governo de Jair Bolsonaro.

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