28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Atrás nas pesquisas, Bolsonaro diz que seu partido fará auditoria das urnas

Presidente afirmou que empresa contratada por Valdemar Costa Neto fará trabalhos antes do pleito de outubro

Em mais uma live de quinta, e novamente sem provas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar as urnas eletrônicas e a realização das eleições marcadas para outubro de 2022.

Atrás nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro afirmou que já pediu para Valdemar Costa Neto, presidente de seu partido, contratar uma empresa externa para fazer auditoria “antes das eleições”.

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“Para melhor termos umas eleições livres de qualquer suspeita e de interesse externo, mas ela pode falar que é impossível auditar e não aceitar fazer o trabalho, olha a que ponto nós vamos chegar”.

O presidente, que não revelou o nome da empresa de auditoria, disse apenas que a ideia foi discutida com Costa Neto. Na transmissão ao vivo em suas redes, Bolsonaro também se dirigiu diretamente ao TSE:

“Adianto para o TSE: essa auditoria não vai ser feita após as eleições. Uma vez contratada, a empresa já começa a trabalhar e vai pedir ao TSE, com toda a certeza, uma quantidade grande de informações”.

Mais cedo, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, havia enviado ofício ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Edson Fachin, pedindo à Corte que divulgue os questionamentos e sugestões das Forças Armadas sobre o sistema eleitoral.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou, pouco depois da live do presidente Jair Bolsonaro, que os partidos políticos estão autorizados pela lei a fazer suas próprias auditorias das eleições.

“A fiscalização das eleições está prevista nos artigos 65 a 72 da Lei nº 9.504 de 30 de setembro de 1997, conhecida como Lei das Eleições. Os partidos políticos podem fazer suas próprias auditorias pelo Registro Digital do Voto (RDV). Lembramos, ainda, que qualquer cidadão pode fazer sua própria auditoria por meio do Boletim de Urna, emitido pelo mesário ao final da votação e divulgado nas seções eleitorais e no site do TSE”.

Ataques

A declaração de Bolsonaro nesta noite se junta a uma lista de ataques infundados do presidente ao sistema eleitoral brasileiro, que registra os votos por urnas eletrônicas.

O presidente vem, constantemente, dizendo que as eleições serão limpas, mas repete os ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral, incluindo críticas aos ministros do TSE.

Desde que as urnas eletrônicas foram implementadas —parcialmente em 1996 e 1998, e integralmente a partir de 2000— nunca houve comprovação de fraude nas eleições brasileiras, mesmo quando os resultados foram contestados. A segurança da votação é constatada pelo TSE, pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.

Em outubro, o TCU (Tribunal de Contas da União) emitiu um relatório técnico reforçando que as urnas são seguras e auditáveis, e que a impressão do voto traria riscos e exigiria recursos que não estão disponíveis atualmente na Justiça Eleitoral.

Última antes das urnas eletrônicas

Com data de 17 de novembro de 1994, a página 5 do Jornal do Brasil, no caderno de Política e Governo, tinha como grande matéria o fato de o voto em branco facilitar a fraude na votação daquele ano. Ainda em urnas com cédulas de papel.

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E curiosamente, em uma nota chamada “Roubo no ‘Varejo’”, juízes de sessões eleitorais davam quantidade e nomes de candidatos beneficiados com as fraudes. Um dos nomes beneficiados era do então deputado federal Jair Bolsonaro:

Caso os apoiadores que estejam “fechados com Bolsonaro” duvidem da veracidade do print, a matéria é verdadeira, como pode ser conferida aqui nesse link. Peculiarmente, tão verdade quando Bolsonaro elogiando Hugo Chávez e dizendo que comunismo é coisa do ‘meio militar’.

A eleição noticiada chegou a ser anulada e uma segunda votação foi realizada. Em 1996, porém, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) restabeleceu o resultado do primeiro pleito por entender que a maioria dos votos foi válida.

Portanto, Bolsonaro não se beneficiou de fraude eleitoral em 1994, mas o voto impresso não deixou o pleito mais idôneo. Longe disso. De acordo com especialistas consultados pela reportagem, as fraudes no período foram facilitadas pelo fato do voto ser impresso. Os métodos para fraudar eram inúmeros:

  • cédulas depositadas em branco nas urnas pelos eleitores poderiam ser preenchidas irregularmente durante a apuração;
  • lotes inteiros de cédulas não utilizadas poderiam ser extraviadas;
  • os formulários chamados “boletins de urnas” poderiam ser alterados após a apuração com informações falsas, tidas como autênticas por não haver registro eletrônico.

Voto impresso

O hoje presidente Jair Bolsonaro, entre outros projetos, pretende lutar no Congresso pelo retorno do voto impresso no Brasil. Ele acredita, literalmente, que se o voto eletrônico for mantido em 2022, o quebra-quebra que aconteceu com os fanáticos por Donald Trump durante a invasão do Capitólio nos EUA se repetiria por aqui.

Bolsonaro tem a certeza e convicção de que Trump foi garfado nas eleições e teme que isso aconteça com ele dentro de dois anos. Não só isso, como ele também afirma (claro, sem provas) de que houve fraude nas eleições brasileiras em 2018. Eleições que ele venceu, diga-se de passagem.

One Comment

  • Avatar Observador

    KKK. Atrás das pesquisas. A única pesquisa confiável é o Data Povo é nessa ele está muito bem. Sua preocupação é com quem quer fraudar os resultados.

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