No meio da briga política entre Bolsonaro e os demais poderes, poucos tem tanto a ganhar quando o Centrão. O bloco de partidos que o presidente se aliou para ganhar número e evitar um possível impeachment já vê uma oportunidade de pleitear mais postos dentro da administração pública.
Na mira do centrão estão diretorias de bancos públicos e de estatais, secretarias de ministérios, fundações e outras estruturas estratégicas do governo.
Preocupados com a perda de cargos, militares já orientam Bolsonaro a alçar cada vez mais profissionais oriundos das Forças Armadas em postos-chave no segundo e terceiro escalões do governo. A ideia seria justamente blindar a administração federal de uma entrada excessiva de nomes indicados pelo centrão.
Paulo Guedes
Uma das preocupações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que já teve que lidar com o anúncio do programa Pró-Brasil e a demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, passou a ser política.
Guedes tem acompanhado de perto os projetos no Congresso que aumentam os gastos públicos e o apetite de partidos políticos por cargos, inclusive em órgãos e estatais ligados ao Ministério da Economia. Isso acorre após aproximação do governo com o Centrão.
O ministro da Economia está preocupado com os cargos na Esplanada dos Ministérios e em estatais que o Central quer para dar apoio ao governo Bolsonaro.
E isso inclui a direção do Banco do Nordeste, vice-presidências e diretorias da Caixa e até a recriação de alguns ministérios são defendidas por alguns parlamentares, reservadamente. Isso poderia levar a um aumento de gastos públicos e o fim da unidade nas decisões do Ministério da Economia.
Guedes, inclusive, já sofre frituras. Marcos Pereira (Republicanos-SP), apontado como candidato de Bolsonaro à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Presidência da Câmara, e Arthur Lira (PP-AL), novo grande aliado de Bolsonaro.
“Tem coisa pior que do que obra inacabada? Quem tem que colocar a mão no bolso primeiro neste momento é o governo. No mundo todo está sendo feito isso. Aqui não faremos, por quê? Na minha visão, gerar emprego, alavancar a economia, entregar as obras: isso é pensar na reconstrução do país”. Arthur Lira (PP-AL), líder do Progressistas na Câmara.
Centrão
Líderes de partidos do chamado centrão afirmam que o presidente enquadrou nos últimos dias ministros que resistiam em ceder cargos de suas pastas ao grupo, deixando claro que quem se opuser pode ser demitido do governo.
Já é dado como certa a distribuição de postos de segundo e terceiro escalão ao centrão e que não aceitará recusas. Bolsonaro realmente precisa do centrão, que reúne cerca de 200 dos 513 deputados.
Ao mesmo tempo em que promoveu uma ruptura pública com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro passou a procurar um a um líderes e presidentes de partidos do grupo, formado principalmente por PP, PL, Republicanos, PTB e PSD, que integra oficialmente o bloco do centrão na Câmara, liderado pelo deputado Arthur Lira.
“Por que não vou conversar com nomes do Partido Progressista que foram meus colegas por uns 15 anos? Qual o problema? Eles que votam. Se eles têm algum pecado, o eleitor do seu estado é que deve tomar providência, não vota mais. Eu não estou aqui para julgar, condenar, acusar, pedir cassação de qualquer parlamentar. Vou fazer meu trabalho e conversar.” Jair Bolsonaro, presidente.
O grupo aceitou de pronto as ofertas e saiu em defesa do presidente no Congresso, rechaçando a possibilidade de abertura de processo de impeachment contra ele, situação que passou a ser aventada com mais força após a participação de Bolsonaro em atos de rua favoráveis ao fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
Infelizmente é a volta da corrupação institucionalizada no governo federal, é hora do povo reagir…