O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM) decidiu encerrar a sessão de hoje e afirmou que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), voltará à comissão como convocado. A ação acontece após a cúpula da CPI acreditar que Barros mentiu ao longo do depoimento.
Os senadores independentes e da oposição também se irritaram quando Barros acusou que a comissão estaria afastando do Brasil empresas que vendem vacinas contra o novo coronavírus.
“Quero lembrar aos senhores senadores que o mundo inteiro quer comprar vacinas, e espero que essa CPI traga bons resultados para o Brasil, que produza um efeito positivo para o Brasil. Porque o negativo já produziu muito: afastou muitas empresas interessadas em vender vacina ao Brasil”. Ricardo Barros.
A declaração de Barros causou reação imediata de senadores contrários ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que não concordaram com o líder.
Após muito bate-boca, a sessão acabou suspensa por Aziz próximo das 13h20. A sessão foi retomada por volta das 15h15, mas, então, logo encerrada após pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), prontamente atendido por Aziz.
Na condição de convocado, Barros não poderá optar por faltar à Comissão Parlamentar de Inquérito, ao contrário de quando há somente um convite. No entanto, o próprio Barros vinha pressionando para ser ouvido pelo colegiado.
Barros já seria convocado, mas Aziz transformou o chamamento em convite por “deferência” a pedido do líder. Após encerrar a sessão, Aziz disse que a convocação é “para quem a gente perde o respeito” ou “quem desrespeita o trabalho da CPI”. Ele negou ter politizado a situação.
A primeira a reagir à acusação de Barros de que a CPI estaria espantando empresas de vacinas foi a senadora Simone Tebet (MDB-MS): “Isso não é verdade”. Em seguida, ela foi acompanhada por diversos senadores independentes e de oposição.
Omar Aziz disse que “afastamos as vacinas que vocês do governo queriam tirar proveito, rapaz”. O bate-boca continuou e, diante da falta de diálogo e da irritação da maioria dos senadores, Aziz decidiu suspender a sessão.
Quando Aziz já tinha comunicado a decisão de suspender a sessão, Simone afirmou ainda ao microfone que não poderia “ficar calada” ao ouvir Barros, porque, antes de a CPI começar os trabalhos, há menos de três meses, o Brasil já registrava quase 400 mil vidas perdidas para a covid-19.
Em coletiva após a confusão, Ricardo Barros disse que estar à disposição da CPI, mas que seu “direito de opinião não pode ser cerceado em nenhum momento”.
Ele deu as declarações à imprensa ao lado dos senadores governistas da comissão, como Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Jorginho Mello (PL-SC) e Marcos Rogério (DEM-RO).