“Ainda estou aqui”, o filme, é para se ter orgulho. Da arte que já conquistou corações pelo mundo. Da história que é um belo resgate da memória de uma família que sentiu na alma a dor varada nos “porões do arbítrio”, de um tempo trágico e cruel da vida brasileira.
Com talento, graça e sentimento, o filme conta uma história de vida e morte em plena ditadura militar, onde direitos e liberdade, até de pensar, eram proibidos.
Eis que, hoje, quando academia internacional do cinema indica o filme brasileiro para concorrer ao Oscar, aparecem perfis nas redes sociais de pessoas insensatas e idiotizadas propondo o boicote ao filme, inspirado no livro do escritor Marcelo Rubens Paiva, que narra todo o drama e a resistência da própria família, no enfrentamento aos lacaios da ditadura.
Gente que boicota a arte, boicota os livros. Gente que boicota a história, boicota a vida e o futuro de novas gerações. Trata-se de uma gente que ama e cultua a brutalidade sanguinária.
Felizmente, a produção brasileira que foi premiada no Festival de Cannes e representa o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar, atraiu 358 mil espectadores entre quinta-feira (7/11) e domingo (10/11). Mas será visto por milhões. O boicote ficará só nas intenções e mentes de uma gente doentia.
Aliás, os idiotas são muitos, mas, contrariando Nelson Rodrigues, eles não vão dominar o mundo.