16 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro atua na eleição do Congresso por 2022 e contra processos de impeachment

Presidente conta com a vitória de seu aliado, o líder do centrão, Arthur Lira, que disputa vaga com Baleia Rossi, candidato de Rodrigo Maia

As eleições para a presidência da Câmara acontecem nesta segunda-feira (1º), com um cenário ainda indefinido, com Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) mais preocupados com dissidências e traições, já que o voto é secreto.

E o resultado das eleições para presidência da Câmara (e do Senado) pode garantir a sobrevivência do mandato do presidente Jair Bolsonaro e até virar um trunfo em uma tentativa de reeleição em 2022.

Mesmo sem ter uma base sólida de apoio no Congresso, o presidente decidiu influenciar a eleição nas duas Casas, principalmente na Câmara, onde tenta emplacar o nome do líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL) – no Senado, tudo indica a eleição de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato que une o apoio do Planalto e da oposição.

Para vencer no primeiro turno o candidato teria que obter 257 votos. Maia admitiu, na segunda-feira (25), que estima cerca de 230 votos em seu candidato e menos de 200 votos para Lira.

E a interferência do Palácio do Planalto na disputa na Câmara tem irritado Rodrigo Maia, atual presidente do Congresso. Na última quarta-feira (27), ele ironizou a tentativa de interferência e disse que o governo não vai conseguir cumprir as promessas feitas de liberação de emendas em troca de apoio:

“Pela conta que eu fiz e pelo orçamento que teremos para 2021, pelo que eu já vi que o governo está prometendo, vai dar pelo menos R$ 20 bilhões de emendas extra orçamentárias. Só quero saber com que orçamento eles poderão cumprir essa promessa”. Rodrigo Maia, presidente da Câmara.

Impeachment

Os presidentes das duas Casas são decisivos na definição da pauta de votações do Congresso. A eleição de aliados pode dar mais tranquilidade ao Planalto em relação aos temas que vão a plenário num momento conturbado do mandato de Bolsonaro.

E os pedidos de impeachment de Bolsonaro se acumulam na gaveta da Presidência da Câmara. Até agora, 64 pedidos já foram protocolados – apenas cinco foram arquivados, por questões regimentais.

A popularidade de Bolsonaro também caiu, segundo a última pesquisa Datafolha. A rejeição ao presidente saiu de 32% em dezembro para 40% em janeiro. A aprovação, por sua vez, caiu de 37% para 31%.

Além de ser importante para a manutenção do mandato, ter aliados no comando da Câmara e do Senado também pode ajudar Bolsonaro em seu projeto de reeleição em 2022.

Partidos

Lira é o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e aposta em uma campanha crítica à atuação do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Baleia Rossi é o candidato apoiado por Maia. Ele acusa o Planalto de jogar pesado na distribuição de cargos e benesses em troca de votos para Lira

O bloco de Baleia tende a ficar com o apoio formal de 9 partidos: PT, MDB, PSB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede. O DEM estava com Baleia até ontem, mas resolveu ficar neutro em ato tido como um forte revés ao candidato e a Rodrigo Maia.

Agora, Maia diz a aliados avaliar acatar um pedido de processo de impeachment contra Jair Bolsonaro em seu último dia no cargo. O PSDB também pode não apoiar mais Baleia oficialmente.

Já Lira tende a ter o apoio oficial de ao menos 10 legendas: PP, PL, PSD, Republicanos, PROS, PSC, Avante, Patriota, PTB e PSL. Só que como a votação é secreta, são esperadas dissidências nos dois grupos.