19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro critica ‘ Auxílio Modess’ e diz ser machão que chora no banheiro

Raso como uma porta, presidente apresenta desdém sociopático para com quem não tem seu sobrenome, é um homem inseguro e segue tentando vender imagem de “gente como a gente”

Semanalmente, o presidente Jair Bolsonaro apresenta uma live semanal em suas redes sociais. Com duração média de pouco mais de 30 minutos, o evento agrada os seguidores do presidente, que vem nele alguém sincero, que fala “verdades” e não é político como outros.

Claro que com uma figura como Bolsonaro ouvindo o som da própria voz, durante tanto tempo e sem nenhum tipo de filtro, o festival de pérolas (e declarações preocupantes) é enorme.

Durante a pandemia o negacionismo foi declarado, mas já houve bizarrices antes, como Leonardo DiCaprio ser acusado de incendiar a Amazônia, floresta que segundo ele é “úmida e não pega fogo”. Até colar de nióbio o homem já tentou promover.

E nesta quinta-feira (14), o presidente Jair Bolsonaro discutiu o que ele chamou de “Auxílio Modess”, a nova lei que previa a oferta gratuita de absorventes higiênicos e outros cuidados básicos de saúde menstrual.

Um claro deboche da pauta, que arrancou risos de quem acompanhava a gravação do vídeo – para rir do que o presidente fala, só mesmo estando fechando com ele, como no cercadinho do Planalto.

“Vamos lá, Parlamento, vamos derrubar o veto que eu cumpro aqui. [..] A gente vai se virar e vamos estender o auxílio Modess, é isso mesmo? Auxílio Modess? Absorvente para todo mundo”. Jair Bolsonaro, presidente.

Não, embuste ambulante, apenas para mulheres em situação financeira precária e que usam até miojo para evitar o sangramento. E “Modess” foi uma marca abandonada em 2008 no Brasil, mostrando o quão atrasado e sem tato ele é.

O projeto de lei, de autoria da deputada federal Marília Arraes (PT-PE) e relatoria no Senado de Zenaide Maia (PROS-RN), pretendia ajudar 5,6 milhões de mulheres. Parlamentares estimavam um custo de aproximadamente R$ 119 milhões ao ano, a depender de como ficasse a regulamentação.

Sem noção da realidade, Bolsonaro disse ainda que, caso o Congresso derrube o veto dele, os recursos para bancar a oferta dos itens de higiene serão tirados do Ministério da Saúde ou da Educação.

Chorando no banheiro

Para se mostrar “gente como a gente” e passar a ilusão de que é alguém que se preocupa com o Brasil e o brasileiro (a menos, aparentemente, que seja mulheres em situação de risco), o brasileiro também fala algo além do tom. Como dizer que chora no banheiro:

“Cada vez mais nós sabemos o que devemos fazer. Para onde devemos direcionar as nossas forças. Quantas vezes eu choro no banheiro em casa? Minha esposa nunca viu. Ela acha que eu sou o machão dos machões. Em parte acho que ela tem razão até”. Jair Bolsonaro.

Essa declaração não foi em live, mas num encontro organizado pela igreja evangélica Comunidade das Nações. em Brasília, na mesma noite. O presidente tem atuado para reforçar laços com bases evangélicas, de olho nas eleições de 2022. E quer ser “gente como a gente”:

“O que me faz agir dessa maneira? Eu não sou mais um deputado. Se ele errar um voto, pode não influenciar em nada. Um voto em 513. Mas uma decisão minha mal tomada, muita gente sofre. Mexe na bolsa, no dólar, no preço do combustível”. Jair Bolsonaro, presidente.

Suas falas são de fácil análise: ele acha que a esposa (e outros) o veem como “machão dos machões”, mas até ele está inseguro disso. E minimizou o papel de deputados, o que ele foi durante mais de três décadas, errando por ação e omissão.

Agora que é presidente, errando muitas vezes em todas as vezes em que teve que agir (escolha dos ministros, reformas apresentadas e medidas econômicas, sanitárias, que seja, só fez besteira) agora diz se sentir preocupado a ponto de chorar por causa do resultado.

Se você gosta do presidente e simpatizou com ele, sinto muito. Aos demais, que sofrem com a crise por qual passamos, as vezes podemos até encontrar vindicação e um pouco de humor com isso. Especialmente se for para fazer realidade alguns dos memes que foram criados neste período: