27 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro disse que “aloprou” em alguns comentários na pandemia: ‘lamento’

Presidente disse que não falaria de novo a frase “não sou coveiro” para comentar número de mortos

Jair Bolsonaro, que já disse não ter errado uma vez sequer na pandemia, voltou atrás. Agora, falando 20 dias para o primeiro turno das eleições, o presidente falou que se arrepende de certas falas dadas após as centenas de milhares de mortes por covid-19.

“Eu dei uma aloprada. Os caras [imprensa] batiam na tecla o tempo todo e queriam me tirar do sério”, justificou. Depois, demonstrou arrependimento de dizer que não era “coveiro” no início da pandemia. No entanto, seguiu defendendo o tratamento precoce, que já foi provado ser ineficaz contra o coronavírus.

A declaração foi feita durante participação em um pool dos podcasts Dunamis, Hub, Felipe Vilela, Positivamente, Luma Elpidio e Luciano Subirá.

“Retiraria porque não tinha vacina”, falou ao ser questionado sobre a fala do coveiro. “Sou chefe da nação. Eu sei disso. Eu lamento. Não falaria de novo, não falaria de novo. Você pode ver que de um ano para cá meu comportamento mudou. A minha cadeira é um aprendizado”, completou.

Desde a chegada da covid-19 no Brasil, o presidente foi autor de diversas frases que menosprezavam a pandemia. Além da fala sobre não ser coveiro, Bolsonaro minimizou a doença e comparou a covid a uma “gripezinha”, falou em “histeria” e chegou a dizer que o Brasil era um “país de maricas”.

O início do programa era previsto para 19h30 (horário de Brasília), mas começou apenas às 20h08. O principal adversário dele nas eleições deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), concedeu entrevista à CNN Brasil hoje a partir das 20h.

O presidente foi convidado à posse da ministra Rosa Weber no comando do STF (Supremo Tribunal Federal), hoje em Brasília, mas optou ir a São Paulo falar nos podcasts.

Com isso, Bolsonaro quebrou uma tradição de quase 30 anos: o último chefe do Executivo a faltar a posse do cargo máximo da Corte foi Itamar Franco, que em 1993 não compareceu na cerimônia do magistrado Octavio Gallotti.