25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro, Guedes e Lira colocam Brasil em queima de estoque rumo à recessão

De olho em 2022, presidente e aliados enfiam a mão no nosso bolso, retiram até o que não encontram e condenam País a endividamento pesado

O foco em ações populistas do presidente Jair Bolsonaro está ajudando a afundar o Brasil, ainda mais, em uma crise sem precedentes. Não que o cenário estivesse bom antes, mas se já errou de forma desastrosa com o meio ambiente, agronegócio, ciência, educação e pandemia, os desmandos recentes na economia tem todo jeito de um “golpe final”.

Seja de seu governo ou da esperança de retomada com fuga da recessão.

Preocupado com as pesquisas de opinião e focado nas Eleições de 2022, o governo focou todas as suas forças no programa substituto do arquirrival de Bolsonaro, o Bolsa Família ex-presidente Lula.

E para colocar um robusto Auxílio Brasil com os R$ 400 necessários para ganhar votos da classe mais pobre, o presidente ordenou sua equipe econômica a achar mundos e fundos. De qualquer forma. Paulo Guedes, seu ministro da Economia, engoliu e aceitou furar o teto de gastos e endividar o país de maneira indiscriminada. Ao contrário de sua equipe, que nesta quinta (21) pediu demissão.

O anúncio torto do Auxílio Brasil, realizado por um inseguro ministro da Cidadania, que simplesmente não sabia de onde viriam os recursos, já que quem explicaria isso melhor cancelou o evento no dia anterior e se demitiu no seguinte, foi mais um baque que o mercado não conseguiu absorver.

A quinta-feira teve a maior queda em um ano, 2,75%, até mesmo se for levado em conta que 2020 foi um período de distanciamento social. O real também teve sua maior desvalorizada em 6 meses, uma besteira que, diga-se de passagem, deixa Guedes cada vez mais rico, já que ele tem quase 10 milhões de dólares numa offshore e a moeda hoje vale R$ 5,668.

Há ainda quem não veja conflito de interesses nisso.

“Se preocupa com a Economia depois”

O consumo de carne é o menor em mais de duas décadas, pois seu preço foi para as alturas. Assim como de tudo no mercado, apesar de Guedes inventar que era “aplaudido” quando encontrado em um. No lado mais extremo, há um número crescente brasileiros formando fila para pegar osso de carniça ou o que sobra em caminhão de lixo.

A alta do dólar (que deixou Guedes e vários outros com dólares lá fora bem mais ricos) arruinou o mercado interno. Todas as commodities, todos os produtos básicos têm seu preço tabelado: de grãos aos petróleo. O efeito cascata deixou mais caro do feijão e óleo ao gás de cozinha e gasolina. E mesmo cortando gastos com supérfluos, a conta não fechava, já que fomos atingidos por uma pesada inflação.

E de maneira frustrante, ainda há quem aponte erros em todo mundo, menos Bolsonaro e seus aliados. A culpa é do PT, dos socialistas da Europa, de quem “roubou a eleição de Trump”, do ICMS nos combustíveis, de governadores e prefeitos que “exageram” nas medidas contra Covid-19, que seria uma “arma biológica chinesa”.

A pandemia realmente foi um ponto de quebra, mas mais do que um catalisador, foi outro exemplo da incompetência, despreparo, burrice e sociopatia de Bolsonaro e seu entorno.

Enquanto que até hoje o presidente e quem esteja fechado com ele teime em negar a gravidade da pandemia, como a necessidade do uso de máscara, distanciamento social ou vacinação, o discurso é o de que as consequências da mesma são culpa dos outros: de governadores, prefeitos e esquerdopatas que ficaram com “medinho e mimimi da “gripezinha”, que já tinha contra ela um tratamento precoce.

Foi então sabotada praticamente toda medida contra a pandemia. Milhões não acreditavam, jogavam contra, insistiam em se aglomerar quando não devia. O distanciamento social nunca foi feito da maneira correta. O lockdown nunca aconteceu. E teria sido tão simples.

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Bolsonaro, que tem sigilo de 100 anos no cartão de vacinação, diz que “não vai se vacinar”

Caso Bolsonaro, supremo líder, fosse na TV falar algo como, digamos, “vamos mostrar que somos o melhor país do mundo, taokey, e colocar máscaras verde-amarela com meu nome no rosto, esperar pela vacina Mito-JB-22 enquanto eu ajudo vocês neste período e deixar a esquerda pra chorar pois onde tem presidente bom não tem crise” a coisa seria outra.

Seria tão simples. O imbecil é capaz de contar qualquer mentira que seu gado acredita (kit-gay, necessidade de golpe militar, urnas eletrônicas inseguras, ICMS), que bastava contar uma verdade básica que ele não só poderia ajudar o Brasil em algo completamente contornável (afinal, somos referência em campanhas de vacinação) e ganhar de bandeja a eleição de 2022.

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Mas não. Preferiu negar a ciência, o óbvio, ser um olavista. Preferiu ser um Bolsonaro.

Na mão do centrão

O presidente tem em Arthur Lira não só seu maior aliado, também como o seu melhor escudo – ou colete a prova de balas político. Presidente do Congresso, o deputado alagoano é quem tem poder de iniciar o processo de impeachment contra Bolsonaro.

Mas enquanto sobram crimes na conta do mito, sobra vontade do centrão, os deputados que correm para onde estão poder e dinheiro e definem sua “ideologia” a partir disso. E para isso, bastou desviar recursos, alguns bilhões com emendas parlamentares para compra de tratores ou Deus sabe lá o que mais, pois há até um orçamento paralelo e secreto para toda essa mamataria.

Bolsonaro que prometeu acabar com o toma lá da cá, de forma mais do que esperada, caiu de cabeça nisso. E perdem os brasileiros, que precisam bancar militares, gastos eleitorais e as vontades do centrão, enquanto têm retirados direitos trabalhistas e verbas na Educação, Saúde, Ciência.

Isso se não formos entrar em detalhes no emparelhamento das instituições, com um bando de cegos e desmiolados ainda culpando todos, menos Bolsonaro e bolsonaristas, pelas queimados e desmatamento que provocam crise hídrica, demora em confrontar a pandemia, destruição de acordos internacionais, retorno da fome, alta dos preços e um incremento de corrupção, desinformação e mentiral

Não há como dourar a pílula: não é o caso de que a coisa está ruim e vai piorar. A está está numa merda federal e sem previsão de melhora. Nesta mesma semana, o OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) projetou que o padrão de vida dos brasileiros deve ficar estagnado pelos próximos 40 anos.

Estamos perdendo futuro. A situação, com o perdão da palavra, está uma merda. E falamos isso apenas porque baixamos o nível. E porque alguém fez isso durante todo esse tempo.

One Comment

  • Avatar Aécio

    Se a população está comendo osso do lixão porque está passando fome, nada mais justo do que receber o benefício. Depois disso, não vale a pena ler a reportagem até o final.

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