20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro ironiza ‘Carta pela Democracia’, mas repercussão preocupa campanha

Presidente chama de “cartinha” documento que teve adesão de 100 mil pessoas, incluindo grandes empresários

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje entender que ele não oferece ameaça à democracia e ironizou o lançamento de um manifesto público em defesa dos valores democráticos —até ontem (27), o documento contava com mais de 100 mil assinaturas.

Justo ele, que tem o costume fazer declarações golpistas e atritos institucionais com o Poder Judiciário, afirmou a apoiadores que o manifesto estaria vinculado a interesses de grandes bancos e instituições financeiras.

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Na visão dele, seriam empresas incomodadas com ações do governo, como a criação do Pix.

“Você pode ver esse negócio de carta aos brasileiros, democracia… Os banqueiros estão patrocinando. É o Pix, que eu dei na… Uma paulada neles… Os bancos digitais também, que nós facilitamos. Estamos acabando com o monopólio dos bancos”.

Ontem (27), Bolsonaro já havia comentado o assunto durante participação na convenção do PP, partido do aliado de primeira hora e chefe da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL). O evento ocorreu no Auditório Nereu Ramos, no Congresso Nacional, em Brasília.

O pleiteante à reeleição disse que não precisa de nenhuma “cartinha” para expor respeito aos valores democráticos e que quer, “cada vez mais, cumprir e respeitar a Constituição”.

Campanha

Apesar das declarações de Jair, a equipe da campanha do presidente entende que perdeu o apoio da elite do país com a adesão à “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”, que passou de 100 mil assinaturas em 24 horas.

Segundo Tales Faria, do UOL, a informação é que a campanha do Bolsonaro está alarmadíssima com essa Carta aos Brasileiros:

“Ela é um ponto de inflexão na campanha, pois mostrou que, se em 2018 a elite chegou a apoiar Bolsonaro, dessa vez não tem conversa. Ele agrediu a democracia e a elite brasileira largou o Bolsonaro.”

Segundo o colunista, a equipe que trabalha na campanha de reeleição de Bolsonaro já admitiu que não tem o apoio do Nordeste e dos mais pobres, que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Porém, ainda se contava com o apoio da elite.