29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro na Pan: “Rússia defenderia Amazônia” e “ganha guerra quem tem mais canhão”

Passando a semana de férias no Guarujá, Jair ainda criticou Ucrânia por se desfazer de arsenal nuclear: “não reclame agora”

O presidente Jair Bolsonaro interrompeu seu longo feriado de Carnaval, de sábado (26) até a próxima sexta (4) no Guarujá, para dar uma entrevista na Jovem Pan. E mesmo que indiretamente, se posicionar sobre a guerra na Ucrânia: Bolsonaro é afinal time Putin.

Jair, que visitou a Rússia uma semana antes da invasão ter início (e, “por coincidência ou não“, a Rússia recuou graças a “sua intervenção”), está focando em apenas uma qüestão no conflito bélico: o fertilizante russo.

Mas além da decisão econômica, o ponto de Bolsonaro com a Rússia é realmente militar. Após visita e conversa de duas horas com Vladmir Putin, Jair parece ter voltado encantado. E acreditou em tudo o que foi dito pelo líder russo.

Bolsonaro ainda não deve ter lido que seu líder, Donald Trump, mudou de posição após chamar Putin de gênio e finalmente condenou a invasão. Entretanto, até lá, Bolsonaro ficará do lado de Putin.

E deu a entender que do ponto de vista dele, as nações hoje contra a invasão da Ucrânia são as mesmas que invadiriam a Amazônia. Com apenas Putin ficando ao seu lado:

“Queriam dizer que a autonomia da Amazônia não seria mais nossa, que seria de um pool de países. Quem disse que a Amazônia era nossa foi o presidente Putin. A gente vai construindo (relações). Se países como EUA, França, Reino Unido querem relativizar e a Rússia não, vamos abrir mão disso? Vamos assumir lado daqueles que querem relativizar a soberania da Amazônia”? Jair Bolsonaro, presidente.

O Brasil é sem dúvidas dependente do fertilizante russo para a agricultura, mas diante de todas as sanções em escala global, desde términos de contratos até ao banimento de clubes e da Seleção da Rússia na Copa do Mundo, inclusive passando por veto em movimentações bancárias de contas russas, Jair colocou o país numa situação única: a de nação pária que ficou do lado da Rússia.

“O mundo todo é interdependente, mas acredito que essas sanções dificilmente prosperem. O Brasil é um grande país, mas um país que tem que entender que tem algumas limitações, e entender que temos essa política de se aproximar de todo mundo e lutar pela paz. Quem tem razão? Quem ganha a guerra é quem tem mais canhão”. Jair Bolsonaro, presidente.

Só confirmando: em seu máximo de posicionamento na guerra, Jair disse que certo na guerra é o vencedor, o que possui mais canhão. Tanto que ele criticou a decisão do governo ucraniano de se livrar de seu arsenal nuclear. Como se fosse uma “falta de visão de futuro“:

“A Ucrânia abriu mão do seu potencial nuclear. Não vou discutir se está certo ou não, cada país é independente, mas não reclame agora”. Jair Bolsonaro.

O posicionamento oficial de Bolsonaro é o de “paz”. Mas, claramente, nas entrelinhas, nada mais tem na cabeça dele do que o fertilizante russo e o encanto de Vladmir Putin.