29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro pode ter sido contactado por cúmplices do chefe da milícia do Rio de Janeiro

Grampos telefônicos da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio geraram suspeitas

Jair Bolsonaro: polícia investiga se é o mesmo Jair da casa de vidro

Diálogos transcritos de grampos telefônicos sugerem que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi contactado por milicianos cúmplices do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano da Nóbrega. O militar era chefe da milícia do Escritório do Crime e foi morto em confronto com a Polícia Militar baiana em fevereiro de 2020.

As conversas foram obtidas pelo Intercept e fazem parte de um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio. O documento foi elaborado a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo país.
Nele, os cúmplices do ex-capitão fizeram contato com “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e “cara da casa de vidro”, logo após a morte do miliciano. Segundo fontes do Ministério Público do Rio de Janeiro, ouvidas em anonimato, o conjunto de circunstâncias permite concluir que os nomes são referências a Bolsonaro. “O cara da casa de vidro” seria uma referência aos palácios do Planalto, sede do Executivo federal, e da Alvorada, a residência oficial do presidente, ambos com fachada inteiramente de vidro.

No entanto, o Ministério Público Estadual não tem autorização para investigar o presidente da República. Neste caso, o órgão tem a obrigação constitucional de encerrar a investigação e encaminhar o processo à Procuradoria Geral da República, que tem esse poder. A reportagem do Intercept questionou a PRG, que informou não ter resultados para o número do processo indicado.