25 de março de 2025Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro “quebra o silêncio” em canal aliado, mas não fala das joias

Jair criticou prisão de Mauro Cid, afirmando que querem provocar uma delação premiada

Após ficar dias calado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) resolveu se pronunciar neste domingo (13) após operações da Polícia Federal atingirem seu entorno -e o apontarem como um dos beneficiados por esquema de venda de joias do patrimônio nacional brasileiro.

Em entrevista a um canal bolsonarista, portanto, sem ser pressionado com as perguntas certas, Jair disse que a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, tem como objetivo forçar uma delação premiada.

O detalhe é que o canal da entrevista não informou quando foi feita a gravação, por isso não se sabe se foi antes ou depois da operação que revelou um esquema de desvio de joias na última sexta-feira (11).

O ex-presidente não falou de joias, mas é importante lembrar que mesmo antes da operação, já se sabia da tentativa de assessores do então presidente de liberar um conjunto de colar e brinco de brilhantes, que havia sido retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, em 2021.

Mas ele resolveu agradecer pelas doações via Pix, que seriam usadas, segundo ele, para pagar dívidas judiciais. Em junho, relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou que o ex-presidente recebeu R$ 17 milhões em Pix.

Bolsonaro, no entanto, até agora não pagou nenhuma multa, tenta cancelá-las e afirma que gastou parte do dinheiro para jogar na Mega-Sena.

Cid

Na entrevista, Bolsonaro disse que não concorda com a prisão preventiva do ex-auxiliar Mauro Cid, decretada em maio deste ano, após operação da PF que apura um esquema de fraude em cartões de vacina, inclusive do próprio ex-presidente e sua filha.

Segundo Bolsonaro, o objetivo da prisão é forçar uma delação premiada. Além de Cid, Bolsonaro mencionou a prisão do sargento Luis Marcos Reis, detido na mesma ocasião.

Vale lembrar que o advogado de Mauro Cid, especialista em casos com delação premiada, abandono o caso do militar.

Bolsonarista

A entrevista foi feita no canal de Bárbara Destefani, que já foi alvo de investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por propagar informações falsas e ataques ao sistema eleitoral.

O perfil dela já foi apontado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, como um dos que atuam “com a nítida finalidade de atentar contra o estado democrático de direito”. Por ordem do STF, os canais dela ficaram fora do ar entre janeiro e junho.

Em quase meia hora de entrevista, o tema da conversa foram as medidas fiscais e as isenções tributárias concedidas na sua gestão, reforçando que continuará atuando nos bastidores da política e nas próximas eleições. Ele, pra constar, está inelegível.