23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Único a votar contra Combate à Pobreza em 2000, Bolsonaro hoje compra votos com auxílio

Quando deputado federal, Jair dizia que programas de assistência incentivavam “vagabundos a terem filhos”

Vencer a eleição presidencial é o único motivo do presidente Jair Bolsonaro ser favorável ao pacote de benefícios sociais no valor estimado de R$ 41 bilhões, aprovado no Congresso. O que foi muito diferente em 2000, quando ele era deputado federal.

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Naquele ano, Jair foi o único deputado federal a votar contra a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza em dezembro de 2000, quando o Congresso aprovou R$ 2,3 bilhões (ou R$ 9 bilhões hoje) para o novo fundo, sendo R$ 1 bilhão para ações de saneamento e R$ 1,3 bilhão para programas de transferência de renda.

Um dos programas era o Bolsa Escola, programa precursor do Bolsa Família que transferia recursos para famílias pobres que mantinham crianças estudando.

“Orgulho-me de ter votado contra o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Orgulho-me e muito, porque é um fundo que aumenta imposto, aumenta a CPMF, aumenta o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]. Sabemos que, infelizmente, esse dinheiro não terá destino certo, será usado o critério do clientelismo, assim como foi usado o critério da demagogia, por parte do autor da proposta, para poder aprová-la”

Em seguida, Bolsonaro defendeu como política de combate à fome o controle de natalidade da população pobre, ou seja, que esse grupo social tivesse menos filhos. “Quero ser reprodutor. Quanto mais filhos tiver, mais salário mínimo vou ganhar” criticou Jair, que tem 5 filhos com três mulheres diferentes.

Suas críticas, inclusive, não são tão recentes, pois segundo ele, em 2021, no ano passado, “quem recebe Bolsa Família, não sabe fazer nada”. E, no auge da pandemia, contra sua vontade, teve que engolir um auxílio emergencial. Queria pagar apenas R$ 200 reais, mas foi obrigado a aumentar o valor.

Mas, atrás nas pesquisas, Jair corre atrás do prejuízo e de tantos anos de ausência de políticas sociais para tentar garantir sobrevivência política.

A PEC aprovada nessa semana é uma das apostas da base aliada para melhorar o desempenho de Bolsonaro. Ela prevê reajuste de R$ 400 para R$ 600 do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família), aumento de R$ 53 para R$ 120 do vale-gás, criação de auxílio-caminhoneiro de R$ 1.000 e lançamento de um auxílio para taxistas, com custo de R$ 2 bilhões.

As medidas valerão até o fim de 2022. No caso do Auxílio Brasil, a intenção é zerar a fila do programa ainda em 2022. Além disso, a PEC traz recursos para gratuidade de idosos no transporte público e subsídios para o etanol. Serão disponibilizados ainda R$ 500 milhões para o programa Alimenta Brasil. O custo total das ações é de R$ 41,2 bilhões.

É bem claro que Jair odeia pobre. Mas seu ódio aos pobres só é menor que seu desespero em perder a eleição e ser preso.