A Rede Globo de televisão possui uma audiência de peso, se comparada com as demais rivais, e qualquer campanha veiculada em sua programação teria retorno garantido. Talvez por isso se explique um pouco o caso de, neste ano, o Brasil não ter atingido a meta da mais recente campanha de vacinação contra pólio e sarampo: a Rede Globo se recusou a exibir as campanhas do Ministério da Saúde.
Um dos motivos alegados pela emissora foi a presença de personagens de mídias concorrentes, como a Galinha Pintadinha e a apresentadora Xuxa, no filme apresentado pelo Ministério. As principais concorrentes, Record, SBT, Band, Rede TV e TV Brasil mostraram as peças. Autoridades avaliam que a adesão da emissora mais assistida no país era fundamental para o sucesso da campanha na reta inicial.
“Amanhã é o Dia D de vacinação contra a poliomielite e o sarampo. Todas as crianças de 1 a menores de 5 anos de idade devem tomar as vacinas, mesmo as que já tenham sido vacinadas. Com proteção, as doenças não voltarão. #VacinarÉProteger Saiba mais em https://t.co/f5qO6JmWWI” pic.twitter.com/Z7Xx0uRfuf
— Ministério da Saúde (@minsaude) 17 de agosto de 2018
O executivo de Negócios da Globo, André Timóteo, disse que não seria possível mostrar a campanha por uma série de restrições. “Além do canal Youtube, a Galinha Pintadinha é um desenho animado disponível em plataformas de streaming (Netflix). Sendo assim, não pode ter veiculação da Globo”. Já sobre a Xuxa, “personagens de programas da Globo ou que tenham a finalidade de evocar determinado personagem ou programa da Globo ou emissoras concorrentes”.
A atual campanha, focada em pólio e sarampo, durou inicialmente de 6 a 31 de agosto, mas os resultados almejados pelo governo não foram alcançados. A mobilização terminou com 80% do público-alvo vacinado, embora a meta fosse de pelo menos 95%. Maceió já havia alcançado uma cobertura vacinal de 81,10% para a pólio e de 81,26% para o sarampo.
Surto de sarampo
Neste ano, a campanha de vacinação é “indiscriminada”: mesmo crianças que já foram vacinadas no passado devem receber novas doses. O objetivo reforçar a imunização e criar uma barreira de proteção contra o sarampo, doença que vem registrando avanço no país.
Desde fevereiro, já foram confirmados 1.237 casos. Outros 5.731 ainda estão em investigação. É o maior surto da doença em 20 anos. A maioria ocorreu em Roraima e Amazonas, estados que registram surtos da doença. Também foram registradas ao menos seis mortes.