O caso do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, assassinado em uma abordagem policial, em Palmeira dos Índios, requer atenção e justiça por parte das autoridades.
Isso porque a polícia declarou que o jovem foi morto “em troca de tiros” durante perseguição. A família negou porque o adolescente não tinha histórico de violência, nem envolvimento com armas.
Mas, o mais grave agora, segundo declarações da tia de Gabriel, Flávia Ferreira, é que sua família passou a sofrer intimidações em Palmeira dos Indios por parte dos envolvidos.
“Disseram que eles tinham sido afastados das ruas, mas andam por aí todos os dias aqui em Palmeira. Tanto, que um amigo deles foi até o local do trabalho do meu filho Felipe e mostrou para eles: -Olha, o carro dele é esse aí”. Disse ela.
A tia destacou que a situação foi denunciada à família por uma senhora que testemunhou o momento em que um rapaz indicou o carro do primo de Gabriel aos policiais. “Isso nada mais é que uma intimidação e eles não vão nos calar. Nós queremos justiça para um adolescente de 16 anos, vitima de assassinato”, destacou.
Em audiência – A família de Gabriel também esteve no Tribunal de Justiça, na última sexta-feira, 16, relatando a situação vivida atualmente para o desembargador Tutmés Airan. “Fomos mostrar nossa situação que é aterrorizante e pedir que a justiça não abandone nossa família e puna os responsáveis”, declarou.
Para lembrar o caso
Gabriel Lincoln foi morto no sábado 4 de maio, quando andava em uma moto na avenida Bráulio Monte Negro, localizada no bairro Vila Maria.
Em nota, a Polícia Militar (PM) informou que o adolescente fazia manobras perigosas e teria atirado nos policiais durante perseguição. A família nega que isso tenha acontecido.
Segundo a nota, policiais da guarnição do 10º Batalhão teriam dado três ordens de parada, todas desobedecidas. A PM disse que também que ao se aproximarem, Gabriel teria sacado um revólver e atirado uma vez contra os policiais, que também atiraram.
Atingido, Gabriel perdeu o controle da moto e caiu. Os policiais afirmaram que um revólver calibre 38, com cinco munições intactas e uma deflagrada, estava com o adolescente. A arma foi apreendida e encaminhada para o Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) de Palmeira dos Índios.
O adolescente chegou a ser socorrido com vida a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, mas não resistiu os ferimentos e morreu no local. A Polícia Militar irá apurar a atuação dos policiais durante a ocorrência. A Polícia Civil também vai investigar o caso.
Nas redes sociais, a ex-secretária de Desenvolvimento Comunitário, Flávia Ferreira da cidade, pediu “justiça para o sobrinho”. Outra tia de Gabriel, Flaviane Ferreira, disse ele era um “menino de coração bom” e “trabalhador”.
Além dos familiares, o ex-prefeito Júlio Cezar fez uma publicação conjunta com a atual prefeita Luísa Júlia, e com a vice-prefeita Sheila Duarte. Na nota, os políticos manifestam solidariedade à família e dizem confiar nas investigações da Polícia Civil. A família nega toda a versão policial e acusa o assassinato do adolescente.