24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Católicos brigam com a igreja por defender LGBTQI na campanha da fraternidade

Campanha “Fraternidade e díálogo: compromisso de amor” começa quarta-feira, 17

Grupos católicos atacam a igreja por fazer defesa das minorias LGBT

Grupos católicos têm usado as redes sociais para se manifestar contra a realização da Campanha da Fraternidade 2021, cujo mote é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor“. Com temas pautados pela pastora luterana e ativista que atua em prol da legalização do aborto Romi Bencke, o texto-base do evento surpreendeu pela defesa explícita da população LGBTQI.

O documento cita dados do Atlas da Violência 2020 (íntegra) do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O levantamento mostra que foram registrados no ano passado 1.685 casos de violência contra pessoas desse grupo demográfico.

“Estes homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos das populações LGBTQI+ e de outros grupos perseguidos e vulneráveis”, diz o texto-base.

Em nota, a presidência da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) declarou que o documento do evento deste ano foi baseado nas doutrinas do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs).

Se a campanha é católica, por que temos de abrir nossa consciência, corações e bolsos para a infiltração dogmática anticatólica?“, questionou o grupo Apostolado Filhos de Santo Atanásio.

Participaram da concepção da Campanha da Fraternidade 2021 oito movimentos cristãos brasileiros: Igreja Católica Apostólica Romana, por meio da CNBB; Aliança de Batistas no Brasil; Igreja Episcopal Anglicana; Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Presbiteriana Unida; Sirian Ortodoxa de Antioquia; Igreja Betesda; e o organismo ecumênico Ceseep.

O grupo Templário de Maria afirma que a CNBB usou o período quaresmal para tratar de assuntos contrários à fé católica. Critica o aceno a pessoas LGBTQ, às religiões de matrizes africanas e a Marielle Franco, vereadora pelo Psol do Rio de Janeiro morta a tiros em 2018.

O tema – A campanha “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” foi definido “sobretudo pelo que ocorreu no Brasil depois do surgimento do governo Bolsonaro, quando a sociedade ficou muito dividida“, afirmou à DW Brasil o padre Antonio Carlos Frizzo, assessor eclesiástico da Pastoral de Fé e Política e um dos secretários da CNBB responsáveis pela campanha.

Segundo ele, o Conic se encontrou com a CNBB e definiu o tema “diálogo” por causa da “divisão” observada na sociedade depois da eleição do atual presidente, em 2018.

Lulistas e bolsonaristas, esquerda e direita… E uma forte onda negacionista dizendo que não existe pobre, que foram as esquerdas que levaram o país à ruína… Ficou muito dividida a sociedade. E a Igreja também. Este tema é para tentar buscar superar essa divisão por meio do diálogo“, disse Frizzo.

No Brasil, desde a ascensão do Bolsonaro, as fake news, as mentiras que parecem verdade, pululam nas redes sociais. Desta vez é um grupo chamado [Centro] Dom Bosco, que fez um vídeo falando mal da campanha, de maneira muito mentirosa e violenta”, afirmou o padre.