18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Collor vence mais uma e assembleia de credores da OAM é novamente adiada

Empresa continua muito forte no processo, porém, a resistência dos trabalhadores a tirou da zona de conforto

Trabalhadores em protesto contra callote | Cortesia

Enquanto o senador Fernando Collor de Mello fica cada vez mais rico, os trabalhadores demitidos da Organização Arnon de Mello (OAM), em recuperação judicial desde 2019, penam para receber o que lhes é de direito.

Nesta terça-feira, 24, a assembleia de credores iniciada no último dia 12 foi retomada para, mais uma vez, ser prolongada. A próxima data: 13 de julho. Novamente, a empresa pediu mais prazo para “dialogar” com os credores e conseguiu os seus objetivos. Na primeira reunião, os advogados colloridos pediram mais dias para “aperfeiçoar” o plano de recuperação judicial.

Onde está esse plano alternativo? Deve estar guardado a sete chaves na mesma sala onde repousa o projeto das armas de destruição em massa de Saddam Hussein e ninguém teve acesso até agora. Os doutores, simplesmente, não apresentaram nada de novo.

Com mais essa postergação, o processo continua sendo empurrado com a barriga. Um consolo é que, por lei, os adiamentos cessam nesta tão aguardada terceira reunião, onde os credores definirão se o plano de recuperação judicial apresentado pela OAM será aceito ou não.

Já o desânimo vem pelo choque da realidade: o andamento do processo de RJ tem sido extremamente favorável às empresas do senador e cansativo para a classe trabalhadora. Prazos não são respeitados pela (in)Justiça, prorrogações ocorrem de forma sucessiva e os sindicatos, como o dos Jornalistas, estão mortos.

Sem falar na autorização de negociações desvantajosas para os credores trabalhistas, pois, garantem votos para a empresa na assembleia de credores. Funciona assim: a pessoa recebe 80% da metade a que tem direito a receber e passa uma procuração para a OAM votar por ela na assembleia. Os outros 20% serão pagos após a aprovação do plano. Tudo isso, sob o amparo da “lei”.

Assim, a Organização conseguiu um número expressivo de votos e somente não aprovou seu plano porque os jornalistas se mobilizaram e, aos 44 minutos do segundo tempo, esboçaram uma reação.

A empresa continua muito forte no processo, porém, a resistência dos trabalhadores a tirou da zona de conforto. A ordem é não desistir. Todo mundo fica desanimado numa batalha onde o adversário é desleal, articulado e poderoso.

Mas, a essa altura do campeonato, ao menos os jornalistas estão dispostos a seguir nessa “briga boa”.