Ainda não está concretizado, mas o presidente Jair Bolsonaro declarou na CNN Brasil, nesta segunda (8), que está “99% fechado” para se filiar ao PL, partido de Valdemar Costa Neto.
Ele endossou a certeza de filiação ao garantir que a “chance de dar errado a negociação é zero”. Isso porque amanhã (10) já acontece a reunião para tratar dos últimos detalhes com Valdemar e, em seguida, claro, “marcar a data do casamento”.
A filiação no PL era desejo dos auxiliares no Planalto, que viam no partido como o aliado mais propenso a deixar o governo em 2022. Especialmente no Nordeste, há resistência em diretórios estaduais e o partido poderia coligar com ex-aliados do PT.
Entre os defensores do PL estão ministros como Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral).
Preterido na escolha, o Partido Progressistas, PP de Arthur Lira, presidente da Câmara, líder do centrão e maior aliado de Bolsonaro, deve compor a chapa do presidente, com a vaga de vice.
O entendimento é que no lugar de Mourão, seja escolhido um nome filiado ao Progressistas que seja do Nordeste ou de Minas Gerais, para agregar mais votos ao presidente.
Valdemar Costa Neto
Valdemar Costa Neto, presidente da legenda, ex-aliado do PT, condenado e preso no esquema do mensalão, confirmou a filiação pouco depois.
Ele diz que Bolsonaro tem conversado com os três principais partidos da base de sustentação dele no Congresso,PP, PL e Republicanos, para que todos sejam atendidos e afirmou que Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e líder do PP, já foi avisado sobre a decisão do presidente.
Curiosamente, horas depois da notícia sobre a filiação, o filho 02, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), apagou uma publicação de 2016 sobre um suposto caso de corrupção envolvendo Valdemar da Costa Neto, presidente da sigla que viabilizará a candidatura de Bolsonaro às eleições presidenciais de 2022.
Na publicação, o vereador compartilhava reportagem sobre proposta de delação premiada à Lava Jato em que o empreiteiro José Antunes Sobrinho, sócio da empresa Engevix, dizia ter doado cerca de R$ 2,5 milhões a Costa Neto e ao PL, que à época era conhecido como Partido da República (PR).
“Exclusivo: Delator aponta propina de 3,5% para PR e Valdemar Costa Neto nos contratos de Furnas” era a legenda da postagem de Carluxo, feita em abril de 2016, com um link de reportagem da revista Época.
Em 2012, Costa Neto foi condenado a sete anos e 10 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no mensalão. Depois de quase um ano em reclusão, passou a cumprir prisão domiciliar. Já em maio de 2016 foi solto depois de o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, conceder perdão da pena e determinou a expedição de alvará de soltura.
Idas e vindas
Três deputados federais do PL demonstram deixar o partido caso seja confirmada a filiação de Jair Bolsonaro. Eles são de estados do Nordeste e afirmam que a permanência na sigla do candidato adversário do ex-presidente Lula (PT) pode ser prejudicial na disputa de 2022.
Segundo o Painel da Folha, entre parlamentares do PL a expectativa é de que a filiação resulte em pedidos de desfiliação, mas também atraia parte dos bolsonaristas que aguardam uma decisão do presidente para escolher seus partidos.
Nas contas dos integrantes do partido de Valdemar Costa Neto, o balanço da possível filiação deve ser positivo, com mais filiações do que saídas, e a leitura é que hospedar um presidenciável fará a bancada no Congresso aumentar. Hoje o partido tem 43 deputados e 4 senadores.
Apoiadores no Congresso preferem o PL ao PP. Entre eles estão a deputada Bia Kicis (PSL-DF) e o ministro Onyx Lorenzoni (Trabalho), que é deputado licenciado do DEM pelo Rio Grande do Sul.Lorenzoni, inclusive, já afirmou a aliados que vai para o PL independentemente da decisão de Bolsonaro.