25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Comandante da Aeronáutica procura Gilmar Mendes e nega apoiar golpe

É a primeira sinalização direta dos militares ao Supremo em meio à crise com Bolsonaro

Na primeira sinalização direta da cúpula militar ao Supremo Tribunal Federal em meio à crise entre Jair Bolsonaro e o Judiciário, o comandante da Aeronáutica convidou o decano da corte para um almoço nesta terça-feira (3).

No cardápio servido no Comando da Aeronáutica, a negação de apoio a qualquer aventura golpista no país e a reafirmação de alguns pontos pelos quais os militares têm sido criticados.

O brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr. é visto como o mais bolsonarista dos três novos chefes militares que assumiram após a crise militar que derrubou todos os comandantes e o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, em abril.

Já Gilmar personifica o tribunal mais criticado reservadamente pelos comandantes Brasil afora, que consideram a corte excessivamente poderosa e dada a tolher o trabalho do Executivo.

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O encontro vem menos de um mês após o comandante da Aeronáutica ter subido o tom das ameaças contra a CPI da Covid, que vem revelando o envolvimento de militares no esquema de corrupção no Ministério da Saúde.

Baptista Júnior havia dito que as Forças Armadas têm “base legal” para agir contra o Congresso, após o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), ter apontado para a existência de um “lado podre”.

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A conversa foi cordial, segundo conhecidos dos dois comensais. Procurado, Gilmar não quis falar sobre o encontro e a assessoria de Baptista Jr. também não respondeu sobre o encontro.

O encontro foi combinado por um amigo em comum dos dois do Clube da Aeronáutica, em Brasília, onde Gilmar costuma jogar tênis. O tom cordato e os temas gerais do almoço traziam subjacentes a tensão aguda entre Judiciário e Executivo.

Bolsonaro está em guerra com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que reagiu abrindo uma investigação sobre suas acusações de que as urnas eletrônicas são objeto de fraude e ameaça de empastelar a eleição do ano que vem se o voto impresso não for aprovado.