A vereadora Teca Nelma fez uma postagem no Twitter anunciando que a Câmara Municipal de Maceió se prepara para entregar uma Comenda para o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, – aquele do “é preciso aproveitar a pandemia para deixar passar a boiada”.
Ela reagiu com indignação a iniciativa e destacou que Salles está respondendo processos na justiça por improbidade administrativa.
Aliás, ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por envolvimento com o esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais, exportação ilegal de madeiras para os EUA e a Europa, associação com garimpeiros para exploração de minérios em reservas indígenas, entre outros atos ilícitos que cometeu no exercício do cargo.
No processo ele é acuado de ter montado um “grave esquema criminoso de caráter transnacional” dentro do Ministério do Meio Ambiente.
Diga-se que quando assumiu como ministro do governo Jair Bolsonaro, ele já chegou condenado pelo juiz Fausto José Martins Seabra, da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, por também ter montado um esquema criminoso dentro da Secretaria do Meio Ambiente do governo do Estado paulista, em 2017. Ainda assim foi ministro
Neste caso, Salles foi acusado de enriquecer ilicitamente favorecendo empresas de mineração e filiadas à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ao alterar mapas de zoneamento do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Tietê.
O currículo do sujeito é vasto. Ele não é erva daninha nesse meio. Ou um simples corrupto. É uma verdadeira ave de rapina mesmo.
E a pergunta que não quer calar: O que fato essa excrescência, enquanto figura humana, fez pela terra maceioense para merecer uma honraria da Câmara?
A vereadora não revelou o autor da proposta. Não importa. Propor é livre arbítrio de cada um. Agora a aprovação passa pelos pares. Dizer amém a uma proposta dessas é concordar com a marginalidade no meio ambiente. A passagem dele pelo ministério bem o diz. Tanto é que foi demitido.
Mas, para uma terra onde a classe a política assiste a Braskem destruir 5 bairros, transtornando as vidas de mais de 60 mil pessoas, deixar passa o “rei” da boiada na Câmara, certamente não pesa nada para os senhores vereadores.
A memória da Câmara registra em um passado recente, que o plenário costumava se impor pelo respeito e o tratamento digno aos cidadãos maceioenses. Aliás, Galba Novaes de Castro, avô do atual presidente da casa, era um tribuno de respeito, assim como muitos outros em sua época.
Pelo jeito, a memória se reflete em momentos que se perderam no tempo como lágrimas na chuva que agora caem na cidade.
Triste, vereança.