18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Considerado, a cega Dedé, o guaraná Jesus e o Maranhão curto e grosso

Ceguinha diz ao Considerado que quem fala do Maranhã é por que gosta

Jesus: Refrigerante cor de rosa~, famoso no Maranhão

Nascida em uma reserva quilombola no interior do Maranhão, a Cega Dedé mudou-se para a zona da mata alagoana ainda criança. Mas, guarda consigo as lembranças dos tempos de menina nas dunas dos lençóis maranhenses, em sua época região desconhecida.

Hoje, próxima dos 90 anos, ela relata os tempos de pobreza nas terras de lá e sua vida de fartura, na mocidade, quando da safra de algodão nos anos 60 em PJ.

Mas, tem carinho pelo Maranhão. Tanto que é fã de Alcione e “daquele menino Baleiro”. Ouve, ainda no rádio de pilha, as canções dos dois artistas maranhenses.

A avó do Considerado, dona Nildinha, comprou para ela uma caixinha de som com uma playlist das músicas de Zeca e da “Marrom”. Passa o dia ouvindo: “Sabe, meu menino sem juízo/ Eu já aprendi a te aceitar assim…” 

Costuma cantar, devidamente afinada, quando o Considerado chega por perto com as histórias malucas dele.

Mas, apesar da idade avançada, gosta ainda mais de Zeca Baleiro: “Mas se digo venha/Você traz a lenha/Pro meu fogo acender…”

Agora, o que a ceguinha não gosta é de alguém que maltrate ou faça pilheria inconsequente com a sua gente.

Ficou fula da vida com a história do Guaraná Jesus, refrigerante cor de rosa do Maranhão, que sua excelência o “mito” provou e disse que virou “boiola igual a maranhense”.

-Eu sabia que esse bexiguento era chegado a um Maranhão. -Reagiu Dedé indignada ao ouvir a notícia na televisão.

Para não perder a viagem, o Considerado fez sua provocação:

-É assim mesmo, Dedé, o cara toma esse guaraná e vira viado?

-Olhe menino, viado é você e esse outro borra botas…

-Mas por que ele disse isso?

-Por que não vale um cruzado.

-Ele ou o guaraná?

-Ou Nildinha, tire esse moleque de perto de mim que já me irritou.

A avó interviu repreendendo o neto, mas também perguntou a Dedé se ela já havia provado o guaraná Jesus?

A ceguinha disse que não. Quando criança sequer sabia o que era guaraná. Aliás, que só veio conhecer refrigerante quando tomou a famosa “Cajuína”, em Paulo Jacinto.

Manhoso, Considerado volta à carga e pergunta a ela o que faria se encontrasse pela frente a figura que chamou os maranhenses de “boiolas”?

-Eu diria a ele que quem fala do maranhão é por que gosta.

-Gosta como?

-Gosta igual a você

-Eu? Como assim Dedé?

-Você sabe, seu amigo Batoré me falou.

-Que conversa da peste ceguinha.

-Sim…

-Sim o quê?

-Ele falou que você gosta curto e grosso filho de uma égua!