Contrariando as expectativas gerais, a pandemia da Covid-19, que em novembro do ano passado parecia estar se aproximando do final, teve um recomeço dramático em todo o mundo causado pelo surgimento de uma nova cepa mutante do vírus Sars-CoV-2, denominada Ômicron.
E essa preocupação levou o Comitê Científico do Consórcio Nordeste, em seu boletim mais recente, desta semana, a recomendar o cancelamento dos feriados de Carnaval, proibição de aglomerações, intensidade da vacinação e contínuo uso de máscaras.
Ômicron
Detectada inicialmente na África do Sul, a nova variante rapidamente chegou à Europa e aos Estados Unidos. Com uma transmissibilidade quatro vezes maior que da variante Delta, em pouco tempo a Ômicron tornou-se a variante dominante, provocando uma nova onda da pandemia iniciada ainda em dezembro, e que rapidamente se disseminou em todo o mundo.
A Figura acima mostra a evolução desde o início da pandemia do número diário de novos casos de Covid-19, detectados em todo o mundo, bem como a média móvel de sete dias.
Chama atenção na figura a intensidade da nova onda, que parece ter atingido o seu pico no final de janeiro, com valor cerca de quatro vezes maior que o do pico em 2021.
Este fato é decorrente da maior transmissibilidade da Ômicron, mas, também de sua capacidade de evadir da proteção conferida pelas vacinas com relação às infecções causadas pelas variantes anteriores do Sars-CoV-2.
Felizmente, ela parece ser menos patogênica que as variantes Gama e Delta. Isto, combinado com o fato de grande parcela da população já estar vacinada, faz com que os números de hospitalizações e mortes sejam menores que os das ondas anteriores.
No Boletim 21, de 3 de dezembro de 2021, o Comitê Científico recomendou aos Governadores e Prefeitos o cancelamento das festividades públicas de final do ano e do Carnaval, alertando que a variante Ômicron poderia causar um aumento na transmissão do vírus e provocar uma nova onda da pandemia.
As comemorações públicas de Réveillon e as festas de Carnaval foram efetivamente canceladas pela maioria dos governantes. Porém, foram realizadas celebrações de Réveillon privadas de forma generalizada, como se a pandemia tivesse terminado.
O resultado dessas festas, muitas de caráter familiar, com número limitado de pessoas, como também do relaxamento das restrições está evidente na Figura acima.
Medidas
Tendo em vista o atual quadro global e nacional da pandemia e as incertezas futuras existentes, o Comitê Científico do Consórcio Nordeste recomenda aos Governantes Estaduais e Municipais:
- Cancelar os feriados de Carnaval, como em 2021, pois a manutenção dos feriados poderá se constituir num estímulo para a população ir às ruas, promovendo aglomerações, o que poderá resultar no agravamento do quadro da pandemia e o consequente prolongamento da terceira onda no Brasil.
- Proibir a realização das festas privadas de Carnaval e de shows de qualquer natureza que possam gerar aglomerações, pois estas intensificariam a transmissão do vírus, como ocorreu no Réveillon, e resultariam no prolongamento da terceira onda no Brasil.
- Intensificar a vacinação, pois está comprovado cientificamente que as pessoas vacinadas são menos susceptíveis a desenvolver quadro grave da Covid-19. Embora em torno de 70 % da população do país já esteja com o ciclo vacinal completo, este percentual ainda não é suficiente para assegurar um cenário de tranquilidade e estabilidade.
- Manter as medidas legais que obrigam o uso de Máscaras, em especial em lugares fechados ou com aglomerações. Nestes locais deve-se estimular o uso de mascaras N95 ou FPP2 que devem ser supridas pelas empresas ou pelo setor público, para os grupos que não possam adquiri-las.