29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Coronavírus sofre perigosa mutação no Reino Unido que preocupa cientistas

Informação sobre a nova cepa é a de que parece ser entre 40% e 70% mais transmissível

Uma variante do coronavírus Sars-CoV-2 tem deixado pesquisadores e autoridades em alerta por todo a Europa desde o anúncio do Reino Unido de que a nova cepa era transmitida de maneira mais rápida em até 70%.

Desde então, inúmeros países fecharam suas fronteiras aéreas e/ou marítimas com o território britânico para evitar que a mutação se espalhasse também para outros países. Mas porque essa mutação está chamando tanto a atenção, se é normal que vírus sofram mutações constantes?

Segundo os britânicos, os temores com essa variante, chamada de H69/V70, tem como foco a rápida disseminação dela, que já superou a mutação anterior em Londres e no sudeste da Inglaterra, e a possibilidade de que essa alteração afeta partes importantes da estrutura do vírus.

Dados do ECDC (Centro Europeu para Controle de Doenças) mostram que a nova cepa circula desde novembro, o Reino Unido fala em detecção no país em setembro, e os três primeiros casos confirmados dela fora do território da Inglaterra (na Austrália e na Dinamarca) têm ligações com o foco de Londres.

Atualmente, a principal mutação do Sars-CoV-2 havia ocorrido na Europa em fevereiro: o vírus que veio da China sofreu uma alteração, chamada de mutação G614, e tornou-se mais contagioso do que a “versão” asiática, virando a cepa mais incidente no mundo todo.

Dominante

O conselheiro científico do governo britânico, Patrick Vallance, afirmou no sábado que essa nova variante do SARS-CoV-2, além de se propagar rapidamente, está se transformando na forma “dominante”, o que gerou “um aumento muito forte” das hospitalizações em dezembro.

Essa ideia se baseia na constatação de “um aumento muito forte de casos de contágio e de hospitalizações em Londres e no sudeste, em comparação com o resto da Inglaterra nos últimos dias”, explica o professor de medicina Paul Hunter, da Universidade de East-Anglia, citado no site do Science Media Centre.

A informação “sobre esta nova cepa é muito preocupante”, afirmou o professor Peter Openshaw, imunologista do Imperial College de Londres, citado pelo Science Media Centre. Principalmente porque “parece ser entre 40% e 70% mais transmissível”.

Em sua página do Facebook, o geneticista francês Axel Kahn lembrou que, até agora, “foram sequenciadas 300.000 mutações do SARS-CoV-2 no mundo”.

A nova cepa incorpora uma mutação, chamada “N5017”, na proteína da “espícula” do coronavírus, que permite que o vírus se prenda às células humanas para penetrá-las.

A confirmação do nível de transmissão desta cepa levou as autoridades britânicas a decretarem um novo confinamento em Londres e em parte da Inglaterra, afetando um total de 16 milhões de habitantes.

Depois da Holanda, que suspendeu neste domingo todos os seus voos de passageiros procedentes do Reino Unido, a Bélgica também suspenderá as conexões aéreas e ferroviárias com esse país e a Alemanha estuda “seriamente” tomar uma medida semelhante, que também afetaria a África do Sul.