Em toda e qualquer conversa entre os brasileiros sobre a tragédia da saúde pública que tomou conta do País, depois do passeio do coronavírus pelo mundo, há sempre o sentimento conjunto de que “isso vai passar”.
Em meio a angústia vivida por quase todos – ainda há os que acreditam na gripezinha – é mais que natural manter o sentimento de que em algum momento tudo vai passar de fato, para a felicidade geral.
Essa é uma esperança em um cenário de desamparo e dor. São mais de 50 mil mortos.
O que se quer então é que passe logo.
Mas, o drama é que os sinais da pandemia não ajudam a fortalecer esse sentimento. Os próprios números revelam o contraditório em absoluto desalento
Os dados do Ministério da Saúde dizem que o maior número de casos confirmados de Covid-19 ainda é aqui no Nordeste (379.297).
Depois vem a Região Sudeste com 377.817. O Centro-Oeste conta com 63.553, o Sul com 51.531 e o Norte, com 212.940 casos confirmados.
O problema é que se nas capitais há os “cientistas” de ocasião defendendo a reabertura de tudo por que “o pior já passou”, no interior do País o vírus avança de forma preocupante, segundo o próprio ministério.
Isso remete a assertiva de que a tragédia ainda vai longe a nos martirizar.
Dizem os especialistas na medicina que tudo isso preocupa, porque no interior há uma clara subnotificação da doença muito maior que nas cidades polo.
E isso se dá exatamente por que nesses locais existe uma qualidade técnica e suporte tecnológico bem menor que nas capitais.
E aí não é preciso ser cientista para saber que a subnotificação dificulta a avaliação do estado real da propagação da doença.
Mas, nesse debate que quase ninguém gosta – a ânsia de voltar à normalidade é maior – o Ministério da Saúde também diz, paradoxalmente, que o já país caminha para uma tendência de estabilização da curva de casos e mortes em decorrência da doença.
E é exatamente isso que a maioria quer ouvir para alimentar a esperança de que tudo está passando e a vida voltará a ser como antes.
Mas, para quem desde o início tratou de desconsiderar a pandemia, temos aí um sério problema de confiança e credibilidade.
Portanto, não é exagero dizer que, em qualquer que seja a situação, nada mais será como antes.