No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro disse que ele, e não Paulo Guedes nem mais ninguém do Ministério da Economia, fez o cálculo: com a redução de ICMS nos combustíveis ia cair consideravelmente:
“A previsão é cair por volta de R$ 2 o litro da gasolina, e cair por volta de R$ 1 o preço do diesel. Eu mesmo fiz a conta”. Jair Bolsonaro, presidente.
Pois bem: Bolsonaro tem que usar a calculadora novamente. Buscando procurar a economia para facilitar seu processo de reeleição, o presidente fez campanha no Congresso para conseguir que fosse aprovada o Teto de Gastos, que limita em 17% o imposto para combustíveis.
O projeto foi aprovado (e mais pacotes de bondades estão à caminho, como aumento de até 50 bilhões com auxílios sociais), mas os números não batem.
Nas duas últimas semanas, o preço médio do diesel comum registrou queda de apenas R$ 0,05, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis). A previsão do Ministério de Minas e Energia, não a de Jair, era de que o combustível caísse R$ 0,13.
Apesar de a gasolina comum ter registrado o menor preço do ano, a queda também ficou aquém do esperado pelo governo. A previsão era de que a redução fosse de R$ 1,55. Até a semana encerrada no último sábado (9), a queda real foi de R$ 0,90.
O único combustível que bateu a meta estabelecida pela pasta foi o etanol, que baixou de R$ 4,87 a R$ 4,52 (-R$ 0,35). A expectativa era que descesse R$ 0,31.
A crise no preço dos combustíveis é um ponto de pressão no governo de Bolsonaro, tanto pela rejeição popular que o problema causa quanto por tensões internas.
O momento também ocorre em ano eleitoral, no qual ele irá pleitear a reeleição. Portanto, mais interessado do que nunca, Bolsonaro deve voltar para fazer novos cálculos e descobrir o que deu errado. Ou, de novo, culpar os governadores.