Em seu primeiro dias de depoimentos em uma sexta-feira, a CPI da Covid recebe hoje (11) a microbiologista Natalia Pasternak e o médico sanitarista Claudio Maierovitch.
Eles defendem o óbvio: evidências científicas como o uso de máscaras, imunização em massa e o distanciamento como única alternativas contra a Covid-19 – e nada de tratamento precoce, como a cloroquina.
Isso é exatamente o que governistas não querem ouvir, especialmente depois do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ter reforçado exatamente isso, indo de encontro com o presidente, nesta quarta (9).
Jair Bolsonaro, inclusive, ficou tão irritado que inventou para o “tal de Queiroga” um parecer “assinado pelo ministro” que dispensaria o uso de máscaras entre vacinados e curados.
Governistas querem falar de corrupção
Para piorar, seja para Bolsonaro ou para sua tropa de choque, que quer desviar de ações genocidas e focar em desvio de recursos federais, a ala governista sofreu um baque ontem depois de, através de liminar, a ministra do STF, Rosa Weber, liberar de depoimento o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).
Ele teria muito a explicar, como a compra irregular de respiradores, promoção de imunidade de rebanho (o que poderia ter provocado a mutação da variante brasileira), uso indiscriminado de cloroquina como tratamento precoce e, principalmente, o dia em que o governo federal fora comunicado sobre a falta de oxigênio nos hospitais do estado.
E como o governador não foi, isso frustrou a tropa de choque, que além de ignorar os limites de alçada da CPI do Senado (eles não podem convocar chefes de Executivo, como prefeitos, governadores, já que isso ficaria para vereadores e deputados dos seus estados respectivos), agora precisam ter que lidar com fatos como o governo não comprar vacinas e defender remédio que não funciona.
PGR
A PGR (Procuradoria-Geral da República) também está interessa na ida de pessoas que possam dividir ou mesmo sozinhas levar a culpa que querem livrar Bolsonaro nesta pandemia. E já enviou ao STF um parecer no qual defende que governadores sejam convocados para depor na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid.
A manifestação da PGR aconteceu no âmbito da ação iniciada pelos governadores do Distrito Federal e dos Estados de Alagoas, do Amazonas, do Amapá, da Bahia, do Espírito Santo, de Goiás, do Maranhão, do Pará, de Pernambuco, do Piauí, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de Rondônia, de Santa Catarina, de São Paulo, de Sergipe, do Tocantins e do Acre.
Os mandatários pedem ao STF que não sejam convocados, o que significa que eles não seriam obrigados a comparecer, se não desejarem. Os governadores alegam que a convocação para a CPI “viola o pacto federativo e o princípio de separação dos poderes”.
E enquanto governistas protelam, a maioria da CPI tentar reforçar o óbvio: mais de 480 mil pessoas morreram, vão continuar morrendo, não há vacinas suficientes porque não compraram antes do tempo e o presidente segue jogando contra.