23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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De uma sociedade intolerante e carrasca para uma mídia cada vez mais atordoada

Em meio a conteúdos bizarros das mais diversas bolhas está o dito cidadão de bem de terço nas mãos e guilhotina na mente.

O ódio corre nas redes destruindo as relações sociais por toda parte

De repente estamos a viver em uma sociedade em que o critério da razoabilidade foi praticamente banido. A racionalidade do ser foi erradicada e o que tem prevalecido é a bestialidade humana, a intolerância, o ódio, a permanente incoerência.

No ar fica aquela sensação, para muitos, de que o exercício da barbárie satisfaz de forma prazerosa a uma camada da sociedade, ávida para impor sua filosofia, a partir das bolhas de raciocínio uniforme, longe das diferenças de pensamento, de gênero, raças e princípios éticos.

A vertente em voga é tão maléfica que no convívio social de agora, o dito “cidadão de bem”,  com interesses contrariados, posa de policial, delegado, promotor, juiz e carrasco da sociedade, sem pestanejar. E muitos com um terço na mãos e a guilhotina na mente.

É o cruz-credo dos dias atuais.

As ideias preconcebidas e o apetite insaciável pelas notícias falsas estabelecem um roteiro que fortalece esse segmento de irracionalidade, sem considerar dados e pensamentos não alinhados. Pelo contrário, esses são postos à margem, rotulados como lepra no viés preconceituoso e discriminatório.

No centro dessa confusão mental que tomou conta de grande parcela da humanidade segue a mídia completamente atordoada – com raríssimas exceções – em meio à preguiça intelectual.

O que se percebe, portanto, é que esse novo mundo cultuado nas redes criou também o ensimesmamento ideológico que tomou conta da nossa mídia, cujo único compromisso, principalmente no campo digital, é o de ser visto por um público cada vez maior.

Não há questionamentos, há apenas necessidades de cliques e compartilhamentos de conteúdos bizarros, mas interessante para essas bolhas que estão a determinar por  onde devem seguir os veículos nossos de cada instante.

Ainda assim, não há por que chutar o pau da barraca. Há, em meio a essa explosão da desonestidade intelectual, homens e mulheres que pensam. E por isso mesmo precisam estar mais atentos, e cada vez mais, para pensarem o amanhã com o foco no bem de todos. Isso não é um utopia. É uma necessidade real.

Trata-se de um desafio e tanto no mundo em que o diálogo e o debate sensatos foram, praticamente, defenestrados pela ausência de consensos e pelos recheados desvios de pensamentos.

Diante desse tormento cruel para todos nós que militamos nesse meio midiático,  resistir é preciso.

Mas, que não percamos a ternura.