25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Desmatamento em junho sobe 278% no governo Jair “Capitão Motosserra” Bolsonaro

Novo diretor do Inpe afirmou que a culpa do homem no aquecimento global “não é a sua praia” e não acredita neste fenômeno

Imagens de satélite mostram o desmatamento nas áreas amarelas

O desmatamento na Amazônia, em julho deste ano, teve crescimento de 278% em relação ao mesmo mês do ano passado. Os dados são do Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que visa ajudar o Ibama a combater o desmatamento. Em junho deste ano, o Deter apontou crescimento de 88% no desmatamento em relação a junho de 2018.

Os dados que mostram o crescimento da destruição na Amazônia abriram uma crise entre o Inpe e o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que culminou com a exoneração, na última sexta, do diretor do instituto, Ricardo Galvão.

O presidente chegou a falar que Galvão poderia estar a “serviço de alguma ONG”. Galvão defendeu os dados de desmate do instituto e respondeu aos ataques pessoais de Bolsonaro.

O ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo,o presidente da República,Jair Bolsonaro, e os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles e GSI, Augusto Heleno, durante coletiva de imprensa, sobre os dados do desmatamento divulgados pelo monitoramento ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

Atacando os dados do Inpe, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, e Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia, se manifestaram contra informações do desmate produzidas pelo Inpe. Na segunda, Bolsonaro afirmou que “maus brasileiros” divulgaram “números mentirosos” sobre o desmatamento na floresta Amazônica.

Pontes, também na segunda, anunciou um militar, Darcton Policarpo Damião, para a direção interina do Inpe. E o novo diretor já disse não estar convencido de que o aquecimento global causado pela ação humana é um fato comprovado. E afirmou que o assunto “não é a sua praia”. O militar afirma que do que leu até agora sobre o tema, não chegou a uma conclusão sobre o fenômeno.

Capitão Motosserra

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a questionar hoje, em São Paulo, a precisão de dados sobre o desmatamento da Amazônia, assim como a divulgação dos mesmos. As críticas fizeram parte de um discurso repleto de ironias por parte de Bolsonaro, mirando não só a questão do meio ambiente, mas também a imprensa e líderes estrangeiros.

Hoje, Bolsonaro afirmou que “dados imprecisos” sobre desmatamento estão sendo divulgados, e ironizou a questão.

“Um número absurdo como aquele de que eu desmatei 88% da Amazônia. Eu sou o ‘capitão motosserra’. Se divulga isso, é péssimo para a gente.” Jair ‘Capitão Motosserra’ Bolsonaro, presidente.

Em sua fala, o presidente, claro, distorceu o dado do Inpe, que apontou que o desmantelamento na Amazônia avançou 88% em junho na comparação com o mesmo mês em 2018. Bolsonaro deu as declarações em discurso no congresso da Fenabrave, entidade que representa o setor de concessionárias de veículos.

Diante de uma plateia de 1.700 pessoas, segundo a organização do evento, Bolsonaro fez um discurso de cerca de 20 minutos e foi bastante aplaudido no fim.