Neste domingo (12), cinco municípios brasileiros elegeram novos prefeitos em eleições suplementares. Entre elas em Campo Grande, Agreste de Alagoas. Na oportunidade, Teo Higino (Republicanos) conquistou 3.270 votos (49,83%) e foi eleito com 9 votos a mais do que Cícero Pinheiro (MDB), que liderava durante a apuração e obteve 3.261 votos (49,70%).
Teo Higino, o novo prefeito, é sobrinho de Arnaldo Higino, que foi afastado em dezembro do ano passado. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu, anular a eleição majoritária do município. Arnaldo teve ainda seu registro de candidatura indeferido.
“Fui impedido de andar com a minha grande família, o povo de Campo Grande. A partir de hoje, Téo será Arnaldo para todos vocês, que acreditam em nosso projeto. Todos que votariam em mim, votem em Téo”. Arnaldo Higino, o ex-prefeito em janeiro deste ano.
Após ele vencer em novembro de 2020, seus 3.372 votos (51,40%) foram anulados porque o Tribunal de Contas da União (TCU) que considerou irregular a aplicação de verbas federais repassadas ao município pela Funasa, no período em que Arnaldo Higino e seu sucessor exerciam o cargo de prefeito.
Isso tudo porque em novembro de 2017, Arnaldo Higino foi preso em flagrante, sendo flagrado em vídeo contando dinheiro vindo de propina. No vídeo era possível ver o prefeito contar as cédulas e moedas da propina, além de checar o valor exato do valor através de comprovantes bancários, que é de R$ 1.871,00.
Afastado, ele determinou ao então prefeito em exercício, Igor Higino, que é seu filho, a suspensão do repasse do duodécimo da Câmara de Vereadores.
Dinastia itnerante
Além disso, o MP Eleitoral também considerou Higino inelegível (ainda o Arnaldo) pela prática de itinerância entre os municípios de Campo Grande e o vizinho Olho d´Água Grande.
Sua esposa Suzanice Higino Bahé, a Suzy Higino, do Partido Progressistas, também teve sua candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral e não seria mais candidata a prefeita na cidade de Olho D’água Grande, interior de Alagoas.
De nada adiantou: ela foi eleita no ano passado com 44,79% dos votos. Sua vice é Anny Laira Bahe Higino Lessa, ou Anny Higino. Filha dela com Arnaldo Higino.
Segundo a justiça, a continuidade familiar no exercício do cargo de prefeito por quase 16 (dezesseis) anos ininterruptos teria pesado contra a ex-prefeita.
A Constituição Federal não permite uma troca de bastão entre familiares para que a cidade fosse comandada pela mesma família. E na dinastia dos Higino, há um revezamento nas prefeituras de Campo Grande e Olho D’Água Grande, desde 2004.
E como o núcleo familiar compartilha da impossibilidade de se reeleger para o mesmo cargo de prefeito por infindáveis e ininterruptas vezes, sua filha, Anny Higino, vice na chapa, também teve seu registro indeferido.
“Os genitores da impugnada, de forma ininterrupta e alternada, exerceram o cargo de Prefeito dos referidos municípios, por quatro mandatos consecutivos, pretendendo-se atualmente alcançar o quinto mandato consecutivo para o mesmo cargo, uma vez que Maria Suzanice Higino Bahe e Anny Laira Bahe Higino Lessa são candidatas aos cargos de prefeita e vice-prefeita do Município de Olho D’água Grande/AL, respectivamente, nas eleições deste ano”. Decisão da Justiça na época.
Ambas tomaram posse no início deste ano. E logo devem receber Teo Higino, que como novo prefeito de Campo Grande, garante mais de 20 anos de controle familiar neste município do Agreste de Alagoas.
É atribuída a Winston Churchil, primeiro britânico durante a 2ª Guerra Mundial, a infame frase “a democracia é a pior forma de governo com exceção de todas as demais”. Claro, em teoria a vontade da maioria sempre deve prevalecer, mas nada garante que o desejo popular esteja sempre condizente com o que seria melhor. É o que temos, até um novo modelo, talvez utópico, o substituir.
Existe diversos fatores que explicariam algo não ideal acontecer democraticamente: a vitória de reformas que prejudicam os mais necessitados, perdas de direitos ou regimes claramente corruptos e retrógrados acontecem por ignorância, despreparo, mentiras e, claro, de novo, a boa e velha corrupção.
Tendo dito isso, se foi colocado no voto, que se retire no voto. Ou que se coloque novamente. Como aconteceu novamente em Campo Grande. E agora são mais de 20 anos e contando desta família em particular à frente da prefeitura da cidade.