25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Maceió

Do Ginfes ao GissOnline e os percalços da mudança de sistema da Nota Fiscal Eletrônica

Transição da plataforma de emissão e escrituração das NFS-e vem dando dor de cabeça em prestadores de serviço, contadores e demais contribuintes

Usuário deve realizar o cadastro com o CPF. Foto: Ascom Semec

Após mais de uma década de funcionamento, a Prefeitura de Maceió aposentou no início de agosto o Ginfes, site plataforma para emissão e a escrituração das notas fiscais eletrônicas (NFS-e), para entrar no lugar um novo sistema, mais robusto, completo e atualizado: o GissOnline.

Como esperado, a transição não veio sem seus percalços. O antigo Ginfes podia ser simples, velho e arcaico, mas fazia seu trabalho: prestadores de serviço, contadores e demais contribuintes iam até ele, declaravam seus serviços prestados, geravam os boletos e recebiam uma nota convertida para assim receberem por seus trabalhos. Funcionava. O GissOnline, nem tanto. Ao menos, neste período.

A mudança chocou. Seja utilizado ou não por um grupo diverso de pessoas, com diferentes níveis de entendimento e conhecimento em endereços eletrônicos, a alteração de algo usado por tanto tempo veio aos trancos e barrancos. Por melhor que seja o GissOnline, sua primeira impressão já é negativa para muitos, pois o Ginfes pelo menos funcionava.

Não que o GissOnline não funcione. Pelo contrário. Mais acessível, bonito e permitindo acesso via celular, ele é uma atualização que o Ginfes pedia. Mas não de forma tão abrupta ou chocante. Seja para os contribuintes, seja até mesmo para os servidores.

Apesar da oferta de ajuda on-line, tutoriais de vídeos e até mesmo marcação de horários no Já para uma aula sobre o novo sistema, a mudança afetou muita gente. Nos guichês dos Já, alguns servidores nem estavam 100% cientes de como a plataforma funcionava ainda. Precisavam de treinamento, que estava por acontecer. Ainda tinham suas dúvidas. Imagine o usuário médio.

Frustrado com minha experiência negativa, escrevi aqui sobre o novo sistema. No mesmo dia, entraram em contato comigo e meu boleto, que estava parado, acabou sendo aceito – pagamentos feitos pelo Banco do Brasil estavam apresentando atrasado, o problema era conhecido, mas não houve nenhum tipo de aviso/alerta sobre isso – e a nota foi convertida. Mas não sem a perda do prazo de alguns pagamentos.

Este caso em particular foi resolvido. Outros ainda não. Mas, por sorte, ao menos neste mês. Ontem, chamei o site de desastre. Talvez tenha sido muito duro: a impressão inicial foi um desastre.

O fato de demorar a criar a conta foi desastroso. Achei um desastre minha nota ter demorado tanto para ser convertida. Imagino que mais pessoas estejam passando por isso, ou pior: até agora, não tiveram seus problemas solucionados. E vão demorar a receber por seus serviços e suas dívidas, que acumulam a cada dia, só fazem crescer. Isso sim é um desastre.

Mas o site por si só? Talvez passada a primeira impressão desastrosa, com o serviço não funcionando para muitos, seja um percalço da mudança necessária. E não é como reclamar de quem estava “na zona de conforto”. O desastre acabou sendo mesmo a transição: abrupta, com muitos perdidos, especialmente contribuintes e contadores.

No futuro, o GissOnline sem dúvidas vai mostrar que colocará o Ginfes no chinelo. Mais bonito, mais rápido, mais adaptável. Claro, isso tudo é perfumaria caso ele não funcione como não funcionou para muitos na primeira impressão. Que seja só o choque da mudança e que o desastre fique apenas por conta do período de transição.