O governo Jair Bolsonaro cancelou de última hora o evento de lançamento do Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa Família. O evento estava marcado para as 17h desta terça-feira, mas foi cancelado um pouco antes.
O anúncio de que Bolsonaro teria decidido subir o valor do auxílio para R$ 400 repercutiu negativamente no mercado financeiro, com o dólar comercial disparando e a Bolsa tombando mais de 3%.
Dentro do governo, no entanto, ainda não havia um consenso sobre como viabilizar o programa sem ultrapassar o teto de gastos —a regra fiscal que limita a despesa pública ao orçamento do ano anterior corrigido pela inflação.
Após meses defendendo que a solução para atender aos mais vulneráveis após o fim do auxílio emergencial ficasse dentro do teto de gastos, o Ministério da Economia foi derrotado nas discussões com o Palácio do Planalto e o restante da ala política do governo. O clima na equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) é de preocupação e insatisfação.
A avaliação de técnicos da pasta é que a brecha aberta na regra que limita as despesas do governo pode “abrir a porteira” da irresponsabilidade fiscal, especialmente às vésperas de 2022, quando Bolsonaro deve tentar a reeleição.
Dólar e bolsa
O dólar comercial operava em alta, e a Bolsa em forte queda na tarde tarde de hoje (19). Pouco antes do fechamento, por volta das 16h50 (horário de Brasília), a moeda norte-americana subia 1,44%, negociada a R$ 5,600 na venda, com o mercado reagindo mal a notícias sobre aumento do valor do novo Bolsa Família para R$ 400, com gastos fora do teto.
No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), operava em queda de 3,37%, aos 110.569,56 pontos, também reflexo dos continuados temores com a questão fiscal no país.
Ontem (18) o dólar subiu 1,21%, fechando a R$ 5,521 na venda, e a Bolsa fechou a 114.428,180 pontos, com baixa de 0,19%. Investidores temem que as discussões sobre auxílios resultem no rompimento do teto de gastos —tido por eles como âncora fiscal do Brasil —, o que golpearia um já fragilizado cenário para as contas públicas no país.