13 de dezembro de 2024Informação, independência e credibilidade
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Dona Pureza se foi, vítima da Braskem; mas quem se importa? É o salve-se quem puder!

Ela desistiu da vida, envenenou o gato e a própria filha, após forte depressão em pleno Flexal, isolado pela Braskem

Cada vez que eu vejo os benefícios da Braskem, a minha desilusão aumenta. Estou cada vez mais depressiva, em saber que vou ficar nesse isolamento para sempre. Pureza”.

O texto é do bilhete deixado por dona Maria Tereza da Paz (conhecida como Pureza), 63 anos de idade, após cometer suicídio ingerindo veneno.

Ela era moradora do Flexal, em Maceió, um dos bairros atingidos pelo maior crime ambiental em área urbana do mundo, provocado pela Braskem mineradora.

Isolada do mundo, longe dos olhos de uma elite que só olha o próprio umbigo, dona Pureza morre de dor, tristeza e revolta com a situação vivida pela família, após o crime impune da Braskem.

Depressiva, ela conversou com autoridades da Defensoria Pública do Estado no início da semana e fez ao vivo seu lamento com a situação que atingiu mais de 60 mil maceioenses. Mas, sobretudo com o estado desolador vivido pelos moradores do Flexal, em meio a indiferença de quem tem o poder para demandar atenção a quem mais precisa.

Dona Pureza é mais uma vítima da ganância do capital, da omissão e do descaso. No auge do desespero, ela envenenou o gato de estimação e a própria filha, que luta pela vida em um leito de hospital.

Mas, sabe, dona Pureza era uma mulher pobre, sem posses, longe dos olhos de todos os eleitos como membros da elite que manda e desfaz na terra dos marechais.

E quando se é assim, quase ninguém se importa. E aí é quando a tristeza se faz senhora!