16 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Dória diz que Bolsonaro gosta do cheiro da morte e do dinheiro das rachadinhas

Governador de São Paulo sobe o tom, após Bolsonaro dizer que Dória não gosta do cheiro do povo

Jair Bolsonaro e João Dória: ex-amigos de infância

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), subiu o tom das críticas ao presidente Jair Bolsonaro após o ex-aliado eleitoral dizer que o tucano não gosta do “cheiro do povo”.

Nesta sexta-feira (1º), o paulista reagiu afirmando que Bolsonaro “gosta mesmo é do cheiro da morte, do cheiro da pólvora e do cheiro do dinheiro das rachadinhas”.

Além de aludir à defesa do presidente pela flexibilização de regras para porte e posse de armas, Doria remeteu também à denúncia de que seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), teria comandado esquema de desvio de salários de assessores quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Principal antagonista político do chefe do Planalto no enfrentamento à pandemia de Covid-19, Doria escreveu, ainda, em sua conta no Twitter que o que chamou de “inoperância” e “negacionismo” do governo federal teriam estimulado a morte de 194 mil brasileiros pela doença. “Presidente: trabalhe mais e fale menos”, encerrou o governador.

Covas toma posse

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), tomou posse nesta sexta-feira (1º) para o segundo mandato, com um discurso que pôs o combate às desigualdades sociais como prioridade e direcionou críticas, sem citar nomes, ao negacionismo da ciência no enfrentamento da pandemia de Covid-19. “As vozes que ecoaram das urnas são claras; moderação, equilíbrio, respeito à ciência, humildade e trabalho eficiente”, afirmou.

“Sem falsa modéstia, creio que nosso projeto foi e será capaz de traduzir as vozes e o sentimento da população.” Da tribuna da Câmara Municipal, onde também foram empossados os novos vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e vereadores, Covas abriu o pronunciamento com a leitura da tradução das primeiras frases do discurso de vitória da vice-presidente eleita dos Estados Unidos Kamala Harris. A mensagem de Kamala conclama à luta ativa em defesa da democracia, sem tomar sua sobrevivência como garantida.

O prefeito de São Paulo retratou a capital paulista como uma cidade “rica, diversa, mas profundamente injusta”, e discorreu sobre como a crise social e econômica provocada pelo novo coronavírus só fez acentuar as desigualdades entre ricos e pobres. Covas exaltou a maioria dos cidadãos que, na sua visão, teve comportamento exemplar no combate à pandemia, sem deixar de mencionar “uma minoria que coloca seus interesses e desejos em primeiro plano”.

Sem prometer que a medida será instituída, o tucano afirmou que a prefeitura vai estudar se há espaço orçamentário em 2021 para estender a concessão de uma renda básica emergencial a 1,2 milhão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Ele não falou em números, citando apenas um “valor mínimo” para eventuais beneficiários.

“Tenho clara noção da responsabilidade sobre meus ombros. Meu coração está leve e meu corpo está pronto para o que der e vier” disse. O gestor não se furtou a comentar o câncer para o qual ainda se submete a tratamento, reafirmando que tem “a saúde e a força necessárias para continuar à frente da cidade”.

Além disso, Covas atribuiu a maior crise sanitária do século a uma crise de natureza ambiental, prometendo foco na preservação do meio ambiente.

Outro destaque foi o reconhecimento de que as medidas da prefeitura na educação em 2020 para mitigar danos da interrupção das aulas presenciais não foram suficientes. O mandatário colocou como “missão” garantir a retomada segura das aulas presenciais, “sob pena de comprometer irremediavelmente o futuro de milhares de jovens”.

O gesto de iniciar seu discurso com palavras da primeira vice-presidente mulher e negra eleita nos EUA remete ao compromisso do prefeito de adotar critérios de diversidade de gênero e racial na composição do secretariado do mandato 2021-2024.

Covas relatou que um terço dos nomes já definidos é de mulheres, citando a escolha da ex-prefeita e ex-senadora Marta Suplicy como secretária de Relações Internacionais. O compromisso de nomear pessoas negras para cargos de primeiro escalão, contudo, não recebeu destaque na fala.