
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tentaram convencer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a dar um golpe de estado no fim de 2022. A dupla integrava a ala mais radical no entorno do governante.
A revelação foi feita durante a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, de Jair Bolsonaro, na Polícia Federal em agosto de 2023.
A informação foi publicada no O Globo e na Folha de S. Paulo pelo colunista Elio Gaspari. O jornalista destacou que, segundo a colaboração de Cid, depois de perder as eleições em outubro de 2022, Bolsonaro passou a receber aliados no Palácio da Alvorada. Dentre eles, havia 3 grupos distintos: os dois primeiros eram contra um golpe e o terceiro era “mais radical”. Era nesse grupo que estariam os dois.
O ex-ajudante de ordens afirmou que o grupo defendia que Bolsonaro assinasse um decreto de ruptura democrática com uso de armas. Eles acreditavam que o presidente teria apoio popular e dos CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) e que o artigo 142 fundamentaria o golpe.
Cid também citou como parte desse grupo os nomes de Felipe Martins (ex-assessor internacional), que teria ajudado a conseguir fundamentação jurídica para o golpe, além do senadores Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Magno Malta (PL-ES).
Segundo Cid, a posição de Bolsonaro era de contestação do resultado das urnas. Ele dizia acreditar que havia fraude na eleição de Lula e que queria provar sua teoria. Se isso não fosse possível, tentaria convencer as Forças Armadas a embarcar em um golpe.