4 de novembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Em entrevista, Malafaia elogia Tarcísio e chama Bolsonaro de covarde e omisso

“Que porcaria de líder é esse?”, questionou sobre a maneira que ex-presidente lidou com eleições de São Paulo e Curitiba

O pastor e líder evangélico Silas Malafaia concedeu uma entrevista em que abriu o jogo sobre como ele age na política: abertamente, diz que atuou nas eleições municipais deste ano projetando as presidenciais de 2026.

E com isso, mostrou que além de se preocupar com o racha que Pablo Marçal pode provocar na direita, também se mostrou inclinado a apoiar Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo. Malafaia só foi elogios para esse, enquanto que sobrou críticas para Jair Bolsonaro, os ex-presidente inelegível.

Um dos maiores apoiadores do ex-presidente, disse para Mônica Bergamo, do Uol, que está decepcionado. Ele acusa Bolsonaro de se omitir nas eleições municipais de São Paulo por medo de ser derrotado por Pablo Marçal caso o ex-coach vencesse o prefeito Ricardo Nunes (MDB), sem então aliado.

Malafaia diz que não é papel de um líder guiar-se exclusivamente pelas redes sociais. “Que porcaria de líder é esse?”, questionou, afirmando que enviou mais de 30 mensagens “duríssimas” para Jair.

E diz que o ex-presidente só não teria respondido porque recebeu o apoiou dele em momentos cruciais da vida —como no dia em que, “perto de ser preso”, chorou por cinco minutos ao telefone sem parar.

Mas uma pessoa o encheu de alegria: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem pretende apoiar para presidente da República caso Bolsonaro siga inelegível até 2026.

“Tarcísio de Freitas se mostrou um líder não anda atrás do povo. Um líder guia, anda na frente. Você não é um verdadeiro líder até que não ande sozinho. Tarcísio ganhou muito comigo. Liderança é sobre propósitos. Um líder não está preocupado com redes sociais, se vai perder ou se vai ganhar seguidores”.

Malafaia foi claro ao afirmar que “o que está em jogo é 2026” e seguiu com mais críticas a Jair:

“Um político é reconhecido por seus posicionamentos. Qual foi a sinalização que o Bolsonaro passou? “Eu não sou confiável em meus apoios políticos”. Quem vai fazer aliança com um cara que não é confiável? O que ele fez em São Paulo e no Paraná [onde se comprometeu anteriormente com alianças] foi uma vergonha. Em São Paulo ele ficou em cima do muro. No Paraná, tendo candidato indicado pelo PL a vice, declarou para à rival “pode usar meu nome”. Sinalizou duplamente. Gente! Isso não é papel da direita de nível maior. Eu apoio Bolsonaro. Mas eu já disse: sou aliado, e não alienado”.

Apesar do apoio, Malafaia entregou que Bolsoanro só chorava com medo de ser preso:

“Defendi ele nos momentos mais cruciais e críticos. Ele estava chorando depressivo em Angra dos Reis, perto de ser preso. Liguei pra ele e falei: “Vai ficar chorando aí? Vamos para a rua, cara!”. Ele chorou por cinco minutos comigo no telefone antes de abrir a boca. Estava depressivo porque as pessoas em volta dele foram todas presas em fevereiro. Estava angustiado. Eu falei: “Vamos para a rua!”. Ele estava desnorteado. “Mas como é que vai ser?” Eu falei: “Deixa comigo. Eu só preciso que você grave um vídeo para convocar o povo”. O Bolsonaro tem defeitos. Mas tem duas coisas: ele é humilde, isso é uma coisa dele. E é honesto. Ele já falou para todo mundo, para a imprensa, que se não fosse o Malafaia não ia ter manifestação no dia 25 de fevereiro”.

Ficou claro que Malafaia tenta seu máximo para carregar Bolsonaro nas costas, mas os choros e indecisões do líder da extrema direita brasileira podem custar o apoio do religioso:

“Bolsonaro seguir inelegível é uma vergonha, politicagem pura. Mas, se isso acontecer, eu entro de cabeça para apoiar Tarcísio. Eu tinha algumas dúvidas sobre ele, mas caíram todas nestas eleições. Líder é atitude. Ele mostrou que é um cara de caráter, e que não tem medo”.