Durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso criticou abertamente o “bolsonarismo”.
Ele foi além em seus discurso nesta quarta-feira (12), como também bradou ter dito “nós acabamos com o bolsonarismo”:
“Já enfrentei a Ditadura e já enfrentei o bolsonarismo, não me preocupo. Saio daqui com as energias renovadas pela concordância e discordância porque essa é a democracia que nós conquistamos. Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”. Luís Roberto Barroso, ministro do STF.
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Sua fala foi uma resposta às vaias que recebeu de um grupo ligado a profissionais da área de enfermagem, que protestava contra ele no Congresso da UNE. O grupo também carregava uma faixa com os dizeres “Barroso: inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016”.
Ele se tornou alvo do grupo por ter suspendido o pagamento do piso salarial da enfermagem aprovado pelo Congresso Nacional por falta de detalhamento das fontes de custeio. O próprio Barroso revogou sua suspensão depois que o governo federal liberou mais de R$ 7 bilhões para estados e municípios.
“Fui eu que consegui o dinheiro da enfermagem porque não tinha dinheiro. Não tenho medo de vaia, porque temos um país para construir”.
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Bolsonarismo
Jair Bolsonaro ainda não comentou a fala, mas pessoas próximas ao ex-presidente disseram que a fala de Barroso (“Nós derrotamos o bolsonarismo”) seria a confissão de que o TSE agiu contra o então candidato Bolsonaro na eleição de 2022.
A fala de Barroso, longe do ideal e dada como resposta às vaias que recebia, não deveriam ter sido ditas por um ministro do Supremo Tribunal Federal. Por mais corretas que sejam, ele ainda é um dos que julga membros do bolsonarismo e estes poderiam taxá-lo como parcial.
Tendo dito isso, ao se declarar como alguém que acabou com o achaque contra instituições, contra o negacionismo durante uma pandemia, contra o culto à morte, contra homofobia, misoginia ou genocídio indígena, contra um grupo que age de forma belicosa, com ataques e mentiras… juntando tudo isso, você tem como resultado puro suco do bolosnarismo.
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Mas um ministro do STF deveria saber mais contra quem está lidando para não dar munição a quem tanto gosta de armas.
A repercussão foi tamanha que o próprio Supremo decidiu divulgar uma nota para contextualizar as declarações . A Corte afirma que Barroso se referia ao voto popular quando afirmou que “nós derrotamos o bolsonarismo” em discurso feito aos estudantes.
“O ministro do STF Luís Roberto Barroso, o ministro da Justiça, Flavio Dino, e o deputado federal Orlando Silva estiveram juntos, no Congresso da UNE, para uma breve intervenção sobre autoritarismo e discursos de ódio. Todos eles participaram do movimento estudantil na sua juventude. Apesar do divulgado, os três foram muito aplaudidos.
As vaias —que fazem parte da democracia— vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE. Como se extrai claramente do contexto da fala do ministro Barroso, a frase ‘nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”