A escalada da inflação no ano passado levou o Banco Central (BC) a aumentar novamente os juros, após ter mantido a taxa básica da economia (Selic) no menor patamar da história, de 2% ao ano, entre agosto de 2020 e março de 2021.
A Selic encerrou o ano em 9,25%, ao ano, mesmo patamar de julho de 2017, e caminha de volta ao patamar de dois dígitos ao longo de 2022, preveem especialistas.
A alta de juros, porém, não foi suficiente para colocar a inflação dentro do limite de tolerância de 5,25%. Em novembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulava alta de 9,26% no ano e de 10,74% em 12 meses.
Os dados de dezembro devem confirmar que, pela sexta vez desde 1999, o BC não conseguiu cumprir a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2001, 2002, 2003 e 2015 o teto foi rompido. Em 2017, o piso foi furado.
Especialistas afirmam que, mesmo voltando aos dois dígitos em 2022, a Selic tampouco será capaz de garantir o cumprimento da meta de inflação deste ano, cujo teto é de 5%.
Pelos cálculos do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, há 100% de probabilidade de novo estouro do teto da meta. Para 2023, a chance também é elevada, de 73%. Diante desse quadro, ele acredita que o BC deverá reforçar o aperto monetário e levar a Selic para 12,25% até o fim deste ano. Esse percentual está acima da mediana das estimativas do mercado, de 11,50%.