24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Estudantes realizam neste domingo a segunda etapa de provas do Enem

Alto índice de abstenção nas primeiras provas preocupa especialistas

Estudantes retornam hoje para as provas do Enem em todo o País

Estudantes brasileiros retornam neste domingo, 28, às escolas para a realização da segunda etapa de provas do Exame Nacional de Ensino Médio – Enem.

Desta feita serão aplicadas as provas de Ciências da Natureza e Matemática.

A expectativa do Ministério da Educação é que não aumente o número de desistências. No primeiro dia do Enem a abstenção foi superior a 26%.

De acordo com os dados do ministério, 2,3 milhões de candidatos compareceram para a realização das primeiras provas, em mais de 1,7 mil municípios.

Agora, segundo os especialistas foi o menor Enem dos últimos tempos — cerca de 3,1 milhões de estudantes se inscreveram, o menor número de candidatos desde 2005 — a ausência de mais de 800 mil estudantes tem um impacto significativo.

“Não dá para considerar uma evasão de 26% como algo muito bom, pelo contrário. Ele foi menor do que os outros anos, mas quando você compara a base total de alunos, nós tivemos muito mais alunos fazendo Enem e buscando perspectiva de estudo em anos anteriores”, comenta o professor Francisco Borges, mestre em Políticas Públicas para Educação e consultor da Fundação FAT.

Nas últimas semanas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) se viu diante de uma crise ocasionada pela debandada de servidores e denúncias de censura e assédio. A primeira fase de testes, realizada no último fim de semana, mostrou que o temido desequilíbrio do certame — com as denúncias de vetos a questões e censura de alguns assuntos, havia a preocupação de um direcionamento nos temas das provas — não se concretizou.

Para Borges, a pouca interferência do governo nos questionamentos da prova comprova que a instabilidade no Inep decorre de divergências ideológicos. “A crise no Inep é uma crise política, ela não é técnica. O efeito do Enem foi ínfimo, mas a gente tem um presidente que é ‘bravateiro’ e acaba trazendo insegurança para as necessidades do país. Nós estamos falando hoje do Enem, mas nós podíamos estar falando do Bolsa Família, por exemplo”, disse.

Borges teme que a constante inconsistência da prova, além de trazer desesperança aos jovens, os afaste do mercado de trabalho. “A gente tem que perceber qual é a importância desse processo na vida do país. Três milhões de brasileiros que estão participando deste ano, quando sete e oito poderiam estar fazendo o Enem, mostra que nós estamos com quase 5 milhões de jovens desesperançosos para continuar estudando, e se não vão continuar estudando como é que vai ser a perspectiva de trabalho para eles na frente?”, afirmou o especialista.