28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Fazer menos cocô, comer menos feijão, tomar menos banho: Bolsonaro quer mais o que da gente?

Caso não esteja desempregado, o cidadão de certeza vem trabalhando mais para receber menos e a crise disseminada parece não ter fim no Brasil

Em menos de três anos de governo, o presidente Jair Bolsonaro já deu sugestões nada apropriadas para reduzir os gastos da população. Comer menos para fazer menos cocô para reduzir poluição ambiental. Desligar aquecedor da piscina para economizar energia. Deixar de comprar feijão pra comprar fuzil. Agora, a ideia é passar menos tempo no chuveiro elétrico.

Antes de tudo: sim, isto está documentado e literalmente aconteceu. Sem espaço para interpretação. É preciso ser cego, sonso ou mesmo idiota (daqueles que prefere comprar feijão do que fuzil) para acreditar que são só ironias ou sarcasmos. Podem até serem besteiras, mas são besteiras ditas pelo presidente.

Besteiras não: cagadas mesmo. Burradas. E não foi por falta de alerta: todo mundo alertou o “presidente sentado em kryptonita” que o desmatamento e queimadas no Amazonas e Pantanal estavam fora de controle.

De forma imbecil, ele disse que floresta é úmida, portanto não pode pegar fogo, ou que tudo pode ser feito no meio ambiente se for a favor do agronegócio – tanto que o ministro dele teve que pedir pra sair, depois de ser caçado pela PF.

Hoje, a natureza cobra a conta: com menos verde e menos água, a seca vem batendo forte e a crise hídrica é a pior do Brasil nos últimos 90 anos. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em pronunciamento, teve a coragem de dizer que a seca foi pior que o esperado. Não pode ser verdade: o que não faltou foi aviso.

Ele também pediu que o brasileiro tome menos banho com o chuveiro e que passe menos roupa. Tanto para economizar água, quanto energia. Isso porque o povo já está numa situação precária: cada vez mais endividado e faminto, agora o governo pede que ele nem tome um longo banho quente para desestressar.

Se formos pensar na projeção, este pedido nem é tão ruim, se comparado com quem pediu para fazer cocô dia sim, dia não. Ou deixar de ser idiota e comprar fuzil no lugar de feijão. Para quem tem o ministro que celebra alta do dólar porque empregadas estavam indo demais para Disney, tomar menos banho talvez não seja pior.

O problema é que a retórica imbecil, o discurso idiota é o de mais liberdade pro povo. Liberdade para não usar máscara, depois de ter demorado em comprar vacinas. Liberdade para pagar menos impostos, agora com a gente recebendo menos e devendo mais. Isso com a perda de direitos, entre eles o trabalhista, pois agora demoramos mais para nos aposentar. E a jornada de trabalhou aumentou em 4 horas.

É tudo muito confuso.

Isso começou porque não queriam que o vermelho nunca tomasse a bandeira do Brasil. Hoje a luz está no vermelho, a conta no vermelho, a situação está no vermelho.

Qual o próximo passo? Qual o pedido o governo Bolsonaro terá da próxima vez, para que o cidadão deixe de fazer algo menos para não transformar o país numa Venezuela? Ao mesmo tempo que, ironicamente, é o que vem acontecendo. Qual a próxima previsão do presidente que acabará se profetizando, de uma forma ou de outra?