20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Fiesp lança nota dura contra aumento das taxas de juros pelo Banco Central

A entidade que surfou na onda do bolsonarismo com Paulo Skaf, agora tem um novo presidente

Fiesp reage contra alta e juros e taxa selic

Nesta quarta-feira, o Copom elevou a taxa Selic de 9,25% para 10,75%, maior patamar em quase cinco anos. A notícia atingiu em cheio a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), antigo reduto do bolsonarismo, que agora reagiu contra a iniciativa.

A reação tem uma razão específica de ser. A Fiesp está sob novo comando. O atual presidente é o empresário Josué Gomes da Silva, que divulgou um duro comunicado sobre a alta dos juros anunciada.

Josué substituiu Paulo Skaf, que dirigiu a entidade por 17 anos. O novo presidente da Fiesp, à frente da Coteminas, é filho de José Alencar, vice-presidente da República de 2003 a 2010, que morreu devido a um câncer em 2011. Em 2009, Alencar chegou a dizer que a política monetária era um “desastre” e que a economia estava em situação relativamente boa apesar das decisões do BC.

Na nota “É preciso pensar para além do Copom”, a Fiesp diz que as reuniões do comitê deveriam soar como “alerta sobre tudo o que deixamos de fazer a contento para colhermos crescimento econômico com geração de emprego e renda de modo sustentável”.

“O novo patamar da Selic incomoda, e muito, já que a inflação que visa combater não apresenta um perfil condizente para um tratamento exclusivo via aumento dos juros. Mas deveriam incomodar muito mais as razões que movem o Copom a refrear a atividade econômica já combalida”, diz a entidade no primeiro comunicado sobre o tema emitido pela nova diretoria.

Para a federação, as questões conjunturais que definem as ações do BC não devem se sobrepor às razões estruturais que influenciam a economia nacional.

“Muito mais que o BC e o Tesouro, são os Poderes da República e a sociedade que devem dar as diretrizes visando o interesse comum do desenvolvimento nacional”, diz a entidade, que faz ainda uma defesa do setor.

“A expansão da renda e a geração de empregos de qualidade são características da indústria de transformação, com impactos positivos generalizados, do agronegócio aos serviços. Por isso, a Fiesp afirma: é preciso pensar para além do Copom.”

Também em nota, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) afirmou que o aumento da taxa Selic em 1,5 ponto percentual já era esperado, mas que dados mais recentes revelam uma economia ainda fragilizada e que esse aumento dos juros pode comprometer uma recuperação consistente da atividade econômica em 2022.