20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Fiscais do Ibama são feitos de reféns por invasores de terra indígena no Pará

Fiscais sofreram uma emboscada, com tiros para o alto, e os invasores incendiaram a ponte do acesso à base onde ficam

Um grupo invadiu a Terra Indígena Apyterewa, no sul do Pará, e cerca uma base de fiscalização usada por equipes do Ibama, Funai e Força Nacional. OS invasores estão hostilizando a equipe de fiscalização e incendiaram uma ponte de madeira que dá acesso à terra indígena.

Com pneus e madeira, uma barricada foi erguida na frente da base e os invasores ameaçam fazer um incêndio para impedir que os fiscais, impedidos de entrar e sair da base e que não podem mais receber mantimentos e combustíveis, continuem seu trabalho.

“Vocês tá trabalhando pro Lula ainda, é? O Lula já foi, rapaz”, disse um morador à equipe do Ibama, registrado em vídeo. Nem mesmo policiais armados foram ouvidos. “Não vamos recuar, não. Eu sou trabalhador”, diz um dos manifestantes.

Repressão

A equipe tenta reprimir desmatamentos dentro da terra indígena. Os fiscais conseguiram conter focos de desmate na vizinha Terra Indígena Trincheira-Bacajá, mas a equipe passou a receber ameaças de que a base será invadida e os carros da fiscalização serão queimados.

Nesta quinta (19), os fiscais sofreram uma emboscada, com tiros para o alto, possivelmente de espingardas, e os invasores incendiaram a ponte e serraram um dos pilares. A equipe teve que retornar à base.

Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro mantém a postura de ataque a países que, segundo ele, importam madeira ilegal do Brasil, mas acusam seu governo de permitir o desmatamento da Amazônia. O chefe do Executivo prometeu divulgar, hoje, na live que faz todas as quintas-feiras, o nome das nações que comprariam o produto de forma irregular.

O problema é que ele mesmo aliviou a repressão comercial na Amazônia, incluindo queimadas, desmatamento e vendas. Além disso, dificultou o trabalho de fiscais do Ibama, ao impedir que eles pudesse fazer seu trabalho.

Em janeiro de 2012, candidato a presidente foi multado em R$ 10 mil após ser flagrado pescando em área proibida. Um ano depois, deputado apresentou projeto de lei que vetava porte de armas para fiscais ambientais