Enquanto presidente Jair Bolsonaro e os governadores não entram em um entendimento quando aos decretos de isolamento social, o filho senador Flávio Bolsonaro solicitou e o MPF (Ministério Público Federal) iniciou uma investigação para apurar as mortes por coronavírus em São Paulo.
A questão, claro, é política. Exatamente o oposto dos que os Bolsonaro pregam: eles acreditam que há uma “uma supernotificação” de mortes por covid-19 no estado governado por João Doria, desafeto do presidente.
A Procuradoria abriu o procedimento a partir de uma representação feita pelo senador Flávio Bolsonaro. Segundo Flávio, os médicos que atuam nas ambulâncias paulistas estão registrando a covid-19 como causa de mortes mesmo sem a realização de exames laboratoriais. O estado mais populoso do Brasil tem mais de 4.800 mortes confirmadas.
O @minsaude atualiza a situação do #coronavírus no Brasil – 18/05
▶️254.220 casos confirmados
▶️136.969 em acompanhamento
▶️100.459 recuperados
▶️16.792 óbitos
⏺️188 óbitos nos últimos 3 dias
▶️2.277 óbitos em investigação
Saiba mais: https://t.co/fIH1TRftNx #COVID19 pic.twitter.com/FiC6CRO7IK— Ministério da Saúde (@minsaude) May 18, 2020
O senador vai além e afirma que isto estaria ocorrendo por recomendação do governo paulista e da prefeitura de São Paulo para “manipular os dados para desgastar politicamente o presidente e as suas orientações frente ao combate ao coronavírus”.
Outro lado
O secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, nega a acusação. Segundo ele, todo os registros são feitos após exames laboratoriais. “Temos oito equipes que fazem a verificação dos casos suspeitos de morte por coronavírus”, afirma.
A secretaria estadual da Saúde afirma, em nota oficial, “que a investigação do MPF surge um dia depois da revelação de que o senador Flávio Bolsonaro soube com antecedência de operação da PF que mirou seu assessor, Fabricio Queiroz. A contabilização e balanço oficiais das mortes por covid-19 são feitas pelo Ministério da Saúde e a mesma base de dados é utilizada pelos governos estaduais.”.
O governador Doria declarou em março que 100% dos óbitos contabilizados passam por testes de verificação. “É uma irresponsabilidade dessa turma do mal”, disse, à época, rebatendo ataques feitos em redes sociais pelos Bolsonaros sobre a suposta supernotificação dos registros.
Gripezinha
Coitado do presidente. Hospitais estão lotados, pessoas estão morrendo afogadas sem respiradores e o filho dele está preocupado com o desgaste político. De um presidente que faz uma aglomeração todo dia e se reúne com extremistas que pregam o fim do distanciamento social e o retorno da economia.
Mesmo com todas as mortes que ocorreram no mundo e eventos bilionários sendo adiados ou cancelados. Uma epidemia que impôs no mundo uma grave recessão. Não por causa do ataque à economia, mas do ataque à saúde.
Pobre Bolsonaro, que um dia chamou isso tudo de histeria, gripezinha e que as pessoas sem histórico de atleta estariam com medinho do vírus. E que agora precisa lidar com mais de 16 mil mortos, após a saída de dois ministros da Saúde, ao mesmo tempo que procura empurrar a culpa aos governadores e prefeitos.