19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Flávio Bolsonaro acha “exagerado” o número de mortos por Covid-19 e MPF abre investigação

Pobre Bolsonaro, que um dia chamou isso tudo de histeria, gripezinha e que as pessoas com histórico de atleta estariam bem

Enquanto presidente Jair Bolsonaro e os governadores não entram em um entendimento quando aos decretos de isolamento social, o filho senador Flávio Bolsonaro solicitou e o MPF (Ministério Público Federal) iniciou uma investigação para apurar as mortes por coronavírus em São Paulo.

A questão, claro, é política. Exatamente o oposto dos que os Bolsonaro pregam: eles acreditam que há uma “uma supernotificação” de mortes por covid-19 no estado governado por João Doria, desafeto do presidente.

A Procuradoria abriu o procedimento a partir de uma representação feita pelo senador Flávio Bolsonaro. Segundo Flávio, os médicos que atuam nas ambulâncias paulistas estão registrando a covid-19 como causa de mortes mesmo sem a realização de exames laboratoriais. O estado mais populoso do Brasil tem mais de 4.800 mortes confirmadas.

O senador vai além e afirma que isto estaria ocorrendo por recomendação do governo paulista e da prefeitura de São Paulo para “manipular os dados para desgastar politicamente o presidente e as suas orientações frente ao combate ao coronavírus”.

Outro lado

O secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, nega a acusação. Segundo ele, todo os registros são feitos após exames laboratoriais. “Temos oito equipes que fazem a verificação dos casos suspeitos de morte por coronavírus”, afirma.

A secretaria estadual da Saúde afirma, em nota oficial, “que a investigação do MPF surge um dia depois da revelação de que o senador Flávio Bolsonaro soube com antecedência de operação da PF que mirou seu assessor, Fabricio Queiroz. A contabilização e balanço oficiais das mortes por covid-19 são feitas pelo Ministério da Saúde e a mesma base de dados é utilizada pelos governos estaduais.”.

O governador Doria declarou em março que 100% dos óbitos contabilizados passam por testes de verificação. “É uma irresponsabilidade dessa turma do mal”, disse, à época, rebatendo ataques feitos em redes sociais pelos Bolsonaros sobre a suposta supernotificação dos registros.

Gripezinha

Coitado do presidente. Hospitais estão lotados, pessoas estão morrendo afogadas sem respiradores e o filho dele está preocupado com o desgaste político. De um presidente que faz uma aglomeração todo dia e se reúne com extremistas que pregam o fim do distanciamento social e o retorno da economia.

Mesmo com todas as mortes que ocorreram no mundo e eventos bilionários sendo adiados ou cancelados. Uma epidemia que impôs no mundo uma grave recessão. Não por causa do ataque à economia, mas do ataque à saúde.

Pobre Bolsonaro, que um dia chamou isso tudo de histeria, gripezinha e que as pessoas sem histórico de atleta estariam com medinho do vírus. E que agora precisa lidar com mais de 16 mil mortos, após a saída de dois ministros da Saúde, ao mesmo tempo que procura empurrar a culpa aos governadores e prefeitos.