Segundo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a pedido do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) recebeu 48 depósitos de exatamente R$ 2.000 cada um entre junho e julho de 2017. O filho do presidente Jair Bolsonaro recebeu então, de forma suspeita, recebeu R$ 96.000.
Os depósitos na conta de Flávio foram feitos todos em uma mesma agência bancária na própria Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), ao longo de cinco dias. Os depósitos, de autoria ainda não identificada, sempre eram feitos em intervalos de minutos. Por terem sido feitos de forma fracionada, há a suspeita de que se tentava esconder a origem do dinheiro.
O Coaf é o mesmo órgão que identificou R$ 1,2 milhão em movimentações atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, entre 2016 e 2017.
Flávio responde
Depois de suspender, no STF (Supremo Tribunal Federal), a investigação sobre o ex-assessor Fabrício Queiroz, o filho do presidente disse na Record TV que é contra o foro privilegiado, mas que não escolheu ser julgado no Supremo.
“Eu sou contra o foro, mas não é uma escolha minha. O foro é por prerrogativa de função”, disse Flávio Bolsonaro, que não compareceu a nenhum pedido de explicações ao MP do Rio e pediu suspensão do caso no STF, mas se sentiu confortável de dar entrevista no canal de televisão que se transforma na plataforma de assessoria dos Bolsonaro.
Apesar disso, na TV, o senador eleito afirmou não ter “nada para esconder de ninguém” e que vai “onde tiver que ir para esclarecer qualquer coisa”. Mas não esclareceu nos órgãos oficiais, e diferente do modo de agir, falando pelos cotovelos nas redes sociais, seu twitter ou Instagram não tocam no assunto. Apenas por meio de assessoria. E até seus fãs já temem o pior: ele deve e teme.
STF
Relator do caso do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) disse que vai assinar a decisão no dia 1º de fevereiro. E ele foi mais direto à repórter Andreia Sadi, da Globo: o pedido do filho do presidente merecia ser jogado no lixo.
“O Supremo não pode variar, dando um no cravo outro na ferradura. Processo não tem capa, tem conteúdo. Tenho negado seguimento a reclamações assim, remetendo ao lixo”. Marco Aurélio Cunha, ministro do STF.
Coerente, Cunha decisões anteriores, ele tem rejeitado liminares parecidas com a da defesa de Flávio Bolsonaro.
Fux e Flávio
Nesta quinta (17), o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) reclamou e o ministro Luiz Fux atendeu: o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu investigação criminal do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro que apura movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho do presidente.
Os argumentos do vice-presidente do Tribunal, que assumiu o plantão durante o recesso judiciário no último dia 14 (onde geralmente são decididos apenas casos urgentes), não foram revelados porque o procedimento tramita em segredo de justiça.
Inquérito
No total, o MP-RJ instaurou 22 inquéritos criminais para esclarecer suposta participação de parlamentares e servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) em movimentações bancárias não compatíveis com seus salários. De acordo com Gussem, quatro deputados se voluntariaram a prestar esclarecimentos.
Gussem negou que a ausência de Flávio Bolsonaro no depoimento marcado para o último dia 10 pudesse prejudicá-lo. “Os relatos contribuem mais para a versão deles do que para qualquer outra coisa. O caso do Flávio Bolsonaro caminha com a mesma velocidade dos demais. Obviamente, ganha mais projeção por ele ser senador e filho do presidente da República”, concluiu.
O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, não respondeu até o momento ao convite feito pelo MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio), para depor sobre a investigação que o seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou movimentações atípicas num total de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz. Uma das transferências, no valor de R$ 24.000, foi para uma conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Queiroz
O ex-assessor disse que esclareceria “em breve” as movimentações atípicas em sua conta apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Mas não disse quando. E ainda inventou de reclamar por ser tratado como “o pior bandido do mundo”.
O ex-assessor afirmou que dará as explicações apenas ao MP “por respeito” ao órgão, mas não informou a data. “Vocês saberão. Vocês sempre sabem de tudo”. Então conta logo.
“Após a exposição de minha família e minha, como se eu fosse o pior bandido do mundo, fiquei muito mal de saúde e comecei a evacuar sangue. Fui até ao psiquiatra, pois vomitava muito e não conseguia dormir“, Fabrício Queiroz, que também é policial militar da reserva.
Presidente
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) concedeu sua primeira entrevista, após a posse, ao SBT, na primeira quinta-feira do ano(3). E afirmou que a quebra de sigilo bancário do amigo Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), foi ilegal.
“Quebraram o sigilo bancário dele sem autorização judicial. Cometeram um erro gravíssimo. E outra: a potencialização em cima dele e do meu filho foi para me atingir. Está mais do que claro isso daí também”. Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil.
O argumento de Jair é que outros movimentaram mais, mas “ninguém toca no assunto”. Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por movimentação de R$ 1,2 milhão em um período de 13 meses. Ele depositou inclusive R$ 24 mil na conta da primeira dama, a Dona Michelle. Apesar disso, Bolsonaro afirma que a exposição de seu nome foi um “absurdo”.
É completamente diferente do que ele falou, quando o caso veio a tona: “Não sou contra vazamento. Tem que vazar tudo mesmo. Nem devia ter nada reservado. Tem que botar tudo para fora e chegar à conclusão”. Temeu que algo fosse descoberto? Em um passado recente, vazamentos e até escutas ilegais derrubaram presidentes.
O presidente voltou a dizer que “se tiver algo errado, que pague a conta quem cometeu esse erro”. Mas contestou o valor apontado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras): “não são R$ 1,2 milhão, são 600 mil reais”, disse. “Ele responde por seus atos. Não tenho nada a ver com essa história”
A movimentação foi considerada atípica pelo Coaf, transferido do extinto Ministério da Fazenda para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em decreto publicado nesta quarta-feira. Vale acrescentar que o presidente do Conselho foi exonerado por Bolsonaro no mesmo dia.
Ministério da Justiça
Ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro, Sergio Moro afirmou na semana passada que não é função dele interferir em casos concretos. Ainda assim, defendeu investigação sobre as movimentações financeiras atípicas do ex-motorista de Flávio Bolsonaro, senador eleito e filho do futuro presidente. Mas só se necessário.
“Eu fui nomeado ministro da Justiça, não cabe a mim dar explicações sobre isso. Eu acho que o que existia no passado de um ministro da Justiça opinando sobre casos concretos é inapropriado. Então, esses fatos têm de ser esclarecidos. O presidente já apresentou alguns esclarecimentos. Tem outras pessoas que precisam prestar seus esclarecimentos e os fatos, se não forem esclarecidos, têm de ser apurados. Mas eu não tenho como ficar assumindo esse papel. O ministro da Justiça não é uma pessoa para ficar interferindo em casos concretos”
Essa foi a primeira vez que Moro comentou sobre o relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) envolvendo a família Bolsonaro. Antes, no final de semana, ele preferiu ficar calado quando questionado por repórteres.
Criado há 20 anos e vinculado atualmente ao Ministério da Fazenda, o Coaf ficará sob a responsabilidade do ex-juiz da Operação Lava Jato no Paraná. Moro indicou o auditor e chefe da área de investigação da Receita Federal em Curitiba, Roberto Leonel, para comandar o órgão a partir de 1.º de janeiro.
A equipe do futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, pretende reforçar a estrutura do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), principal órgão fiscalizador dessa área no Brasil, e tornar mais ágil o repasse de dados às instituições de investigação.